Se o “Godzilla” de 2014 iniciou o Monstroverso de maneira vagarosa porém funcional aos dias de hoje, em 2017 “Kong: Ilha da Caveira“ apresentou uma dinâmica energética a nova série de filmes. Já o terceiro capítulo da franquia expande as virtudes dos filmes anteriores, mas também alguns de seus velhos problemas.
Anos após os eventos do primeiro longa, a humanidade passa por um momento de paz, Godzilla está desaparecido e a maior preocupação do governo é decidir se a convivência com esses “Titãs” deve ou não ser tolerada. Mas tudo isso está prestes a mudar com o despertar de antigo mal que põe em risco a existência de tudo que caminha sobre a terra.
Já virou até no senso comum a reclamação de que no filme de 2014 um dos grandes problemas era o tempo de tela do lagarto mais amado de Hollywood. E apesar disso ser bastante verdade, esse problema só é tão aparente devido a uma falha que a essa altura já é quase uma marca dessa nova franquia: núcleos melodramáticos rasteiros.
Mesmo que “Kong: Ilha da Caveira” contorne melhor esse problema (já que por pior que fossem os personagens, o humor os mantinha funcionando), eles ainda estavam lá. E aqui a falha central de franquia fica ainda mais aparente graças aos fortes nomes do elenco: Vera farmiga, Sally Hawkins e Millie Bobby Brown, são bons exemplos, já que ambas sofrem com diálogos extremamente expositivos acerca de seus relacionamentos.
Porém, ao evitar deixar para o texto o sentimento humano, um espaço maior se abre para uma relação entre o público e o monstro. Graças a isso, os elementos da cinematografia ganham um sentido mais íntimo. Os zoom in durante as batalhas passa adentrar o espaço pessoal dos Titãs, saindo assim da perspectiva do povo e com isso revelando a visceralidade do mano-a-mano das criaturas.
Essas que por sua vez ofuscam qualquer problema que o roteiro tenha, a sensação de diversidade entre suas espécies, permeiam os 132 minutos de projeção. Fruto, é claro, do trabalho absurdamente bem feito em CGI. Das escamas rochosas do Rei dos Monstros a textura de felpuda do corpo do Mothra, tudo demonstra um cuidado muito particular com na composição de suas próprias identidades.
É sempre importante ressaltar que a Monstroverso é, ao menos a níveis conceituais, uma “Rinha de Galo” com seres de 100 metros. Então qualquer esforço narrativo além do “b-a-ba” rotineiro de outras franquias (vide todos “Transformers“) merece ser destacado – isso inclui o simbolismo religioso barato aqui presente. Se Godzilla como é retratado como um salvador da humanidade (um Jesus Cristo titã) , Ghidorah é retratado com o anti-cristo (isso sem sutileza nenhuma como visto na imagem acima).
“Godzilla II: Rei dos Monstros” tem um um simbolismo barato? sim! Tem os mesmos problemas que os outros filmes de seu universo compartilhado? também. Porém, quando uma hidra alienígena de 3 cabeças usa uma usina elétrica para disparar raios nos seus inimigos, qualquer problema estrutural passa a ser algo muito pequeno. E se tem algo que sempre foi irrelevante em um filme do Godzilla, são as coisas pequenas.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Warner Bros. Pictures
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