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Crítica

Crítica: A Grande Muralha

Riqueza desperdiçada

Gostar ou não de filmes blockbusters influenciam muito na hora de escolher qual título irá assistir no cinema. Se gosta de filmes do gênero, ao ver as divulgação de “A Grande Muralha” o interesse pode vir a crescer mas, infelizmente, o filme não é um terço do que o seu marketing se propôs a divulgar. Seja pela trama, seja pelo elenco ou até mesmo o trailer, o longa dirigido pelo brilhante diretor chinês Yimou Zhang é de longe uma das aventuras épicas mais fracas lançada nos últimos anos.

Se você espera uma certa profundidade para se contar um pouco da história da China e da construção de suas muralhas, dê um passo atrás. A narrativa traz três mercenários europeus, William (Matt Damon), Ballard (Willem Dafoe) e Tovar (Pedro Pascal), que estão em busca do pó preto, que conhecemos como pólvora, mas acabam ocultando suas identidades e se envolvendo na proteção da dinastia chinesa contra criaturas sobrenaturais. Além da estrutura física, a fortaleza (a Grande Muralha da China) ainda conta com cinco distintos grupos de soldados que lutam a cada 60 anos, por um motivo muito mal explicado, com uma espécie de lagartos superdesenvolvidos, sem significado ou justificativa plausível, os Tao Tei.

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A história criada por Max Brooks (Guerra Mundial Z), Edward Zwick (Jack Reacher: Sem Retorno) e Marshall Herzkovitz (O Último Samurai), foi roteirizada por Carlo Bernard (Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo), Doug Miro (O Mistério Das Duas Irmãs) e Tony Gilroy (Rogue One: Uma História Star Wars), e vai além de um roteiro raso e fraco. Não existe apego descritivo para se desenvolver a história, os personagens são vazios e o possível fundamento para as ações de todo o filme se resume meramente em matar a rainha dos Tao Tei e explodir e/ou destruir o que estiver no caminho.

Então, se tratando das cenas de ação só podemos dizer que são bem executadas, mas nenhuma consegue tirar nosso fôlego. O excelente Yimou Zhang tenta por diversas vezes, em sua direção, executar propostas que consigam vender o filme visualmente, inserindo sequências que retratam bem sua linguagem como diretor, mas isso não consegue segurar a obra como um todo. Para quem conhece e admira sua filmografia, na qual temos “O Clã das Adagas Voadoras” (2004), “Lanternas Vermelhas” (1991) e “Herói” (2002), citando só alguns, se sentirá frustrado com o resultado, afinal, a riqueza do cinema chinês se perde nas “imposições” hollywoodianas.

Alguns dos efeitos em 3D saltando a tela e os grandes planos gerais são duas boas coisas do longa. Mas isso também se deve a boa direção de fotografia de Stuart Dryburgh e Xiaoding Zhao, que até em ambientações mais escuras e propensas ao fracasso conseguem dar vida a uma linguagem simples, sem perder o mistério. Também não expõe ou extrapolam a exposição de cores no caso das sequências mais claras. Se tratando de cores e estética, não podemos deixar de exaltar o design de produção de John Myhre que, com uma equipe relativamente grande, junto a figurinista Mayes C. Rubeo, fazem do filme um verdadeiro espetáculo estético, cheio de pequenos detalhes, abusando de referências vindas dos games e ficções literárias e/ou audiovisuais orientais, como Super Sentai e Final Fantasy.

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Entrando em méritos dramáticos não há palavras para descrever o quão lastimável está Matt Damon, com uma interpretação mascarada, sem força e demasiadamente entediante. Seu protagonismo aqui é um dos piores de sua carreira em anos. Tain Jin, como a comandante Lin Mae, até tenta sobressair mas não consegue dizer para o que veio. Willem Dafoe e Pedro Pascal são duas lamentáveis presenças do casting escolhido por John Papsidera e Victoria Thomas. Ambos são excelentes atores que encontraram na produção uma maneira de não ser absolutamente nada, uma vez que seus personagens são meras passagens construtivistas e a produção os usou apenas como imagens rentáveis de marketing.

The Great Wall”, título original em inglês, é mais uma super produção que mesmo sendo ruim, podemos tirar coisas proveitosas, como nunca mais achar que podemos fazer um blockbuster americano com estética oriental se não houver o mínimo de profundidade narrativa. Obviamente haverá quem goste do filme, mas, infelizmente, não é um filme que podemos dizer “Você precisa assistir!”.

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Paulo Olivera é mineiro, Gypsy Lifestyle e nômade intelectual. Apaixonado pelas artes, Bombril na vida profissional e viciado em prazeres carnais e intelectuais inadequados para menores e/ou sem ensino médio completo.

4 Comments

4 Comments

  1. felipe

    8 de abril de 2017 at 22:33

    oi gente
    gostei muito desse site, parabéns pelo trabalho. 😉

    • Paulo Olivera

      9 de junho de 2017 at 18:26

      Em nome da equipe da Woo, agradeço o elogio Felipe. 😉

  2. lanterna master light mercadolivre

    24 de agosto de 2017 at 02:38

    Nossa que artigo bom,gostei muito.
    vou recomendar para as amigas

  3. Anunciar

    17 de outubro de 2017 at 11:48

    Muito interessante mesmo! Continue com o bom trabalho!

    Adorei vou recomendar pra todos que conheço um artigo igual a esse vale ouro.
    🙂

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