O cinema argentino é conhecido por saber usar as mazelas da classe média para construir suas histórias, seja usando dramas, romances, suspenses ou comédias. Enquanto os autores brasileiros, em boa parte das vezes, viram suas câmeras para a parte mais miserável da população, os Hermanos preferem aqueles que estão no meio. A partir daí, surgem filmes como “A Odisseia dos Tontos”, estrelado pelo prolífico e sempre competente Ricardo Darin, agora com a companhia de seu filho, Chino Darin, que conta a história de um grupo de pessoas que pretendem abrir uma cooperativa, mas que são enganados pelo gerente de um banco e por um empresário.
A obra dirigida por Sebastián Borensztein se passa durante a crise econômica que afetou a Argentina no início dos anos 2000, justamente quando Fermín (Darin pai) tem a ideia de recuperar alguns silos abandonados com a ajuda de vários habitantes de uma província afastada de Buenos Aires. Cada um investe o dinheiro que possui para abrir um negócio que dará emprego para muitas pessoas da cidade. Seus dólares são depositados em um banco e convertidos em peso.
O problema é que o governo congela as poupanças, impedindo qualquer saque. Sabendo antecipadamente da ação do governo, o gerente do banco troca todos os dólares que eram para a cooperativa com um empresário local antes do congelamento, e o empresário os guarda em um cofre superprotegido. Sem o dinheiro e com a recessão do país, os moradores da província começam a passar por dificuldades. Por isso, roubar os dólares se torna a única opção para essas pessoas quase miseráveis.
Lançado justamente no momento que a Argentina também passa por outra crise, “A Odisseia dos Tontos”, é uma história que pode ser vista como uma crítica social, já que sempre que há problemas na economia, os pobres são os que mais sofrem. Os ricos, por outro lado, geralmente estão envolvidos nos fatores geradores dos problemas, junto com um governo incompetente.
Os roteiristas Borensztein e Eduardo Sacheri usam dessa luta de classes para contar sua cômica história do planejamento até a execução roubo. No entanto, nada de gargalhadas, já que é uma comédia que dispõe de boas piadas e situações um tanto quanto atrapalhadas causadas pelo grupo de personagens, e só.
Em síntese, é um roteiro redondo, mas que não traz nada que fuja do habitual, ou que gere situações que possam surpreender o espectador ou qualquer cena que extrapole criativamente as convenções do gênero. Se trata de um bom filme, mas que não ultrapassa os limites do banal. Vale a ida ao cinema por causa da presença de Ricardo Darin, o que já é um baita de um atrativo.
* Este filme foi visto durante a 43ª Mostra de Cinema de São Paulo.
Vídeo: Divulgação/ Warner Bros. Pictures Brasil
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