Crítica: A Porta ao Lado

As relações amorosas inspiram os cineastas desde sempre. E elas se transformam, ficando a mercê não apenas de nossas escolhas pessoais, mas principalmente dos movimentos que moldam a sociedade. Em “A Porta Ao Lado“, Júlia Rezende provoca o espectador a refletir sobre relacionamento aberto, fidelidade e sinceridade. O filme é corajoso diante da onda conservadora que se impõe no Brasil. No entanto, insere diversos temas importantes de forma superficial.

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Na trama, Mari (Letícia Colin) e Rafa (Dan Ferreira) vivem um relacionamento monogâmico, aparentemente feliz e estável. Essa aparente estabilidade começa a ser questionada com a chegada dos vizinhos Isis (Barbara Paz) e Fred (Tulio Starling), que vivem um relacionamento aberto.

A história se desenrola através de Mari. O filme acerta ao questionar o relacionamento tradicional sob a ótica do prazer feminino. Inclusive, o filme tem muitas cenas de sexo, mas nenhuma delas é gratuita. Porém, o longa tenta inserir muitos temas ao mesmo tempo e parece não sair do lugar.

Superficialidade na abordagem de vários temas

Em uma das cenas em que Mari e Rafa discutem sobre sexo, a pauta racial é inserida de forma muito forçada, e o que é pior, para questionar o feminismo, o que é lamentável. Além disso, a realidade retratada é a da classe média e isso contribui também para o esvaziamento de algumas questões chave, como a maternidade e o acesso ao aborto.

Justamente por retratar a classe média, o casal Isis e Fred representa um dos grandes clichês dos relacionamentos abertos: um homem mais novo que tirou um ano sabático e está em um relacionamento aberto com uma mulher mais velha, herdeira de uma fazenda de produtos orgânicos.

Mesmo tratando os temas de forma superficial, as atuações fazem o filme valer a pena, especialmente as de Barbara Paz e Letícia Colin. Por fim, é importante reconhecer a coragem da diretora Julia Rezende ao colocar esse tabu que é relacionamento aberto num filme em pleno Brasil pandêmico. Ainda que por linhas tortas, a obra pode render discussões interessantes.

*Esse filme foi assistido durante o Festival do Rio 2022.

Crítica: A Porta ao Lado

Sinopse

Em A Porta ao Lado, Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin) vivem um relacionamento tranquilo e estável, dentro dos moldes mais tradicionais. Juntos há mais de cinco anos, os dois se acostumaram com a rotina e a monotonia da vida de casados. Mas quando Fred (Túlia Starling) e Isis (Bárbara Paz), um casal que vive um relacionamento aberto, se muda para o apartamento ao lado, Mari acaba sendo levada a questionar seu casamento e considerar outras formas de se relacionar. O encontro entre os dois casais provoca desejos, dúvidas e inseguranças, transformando completamente a vida dos quatro.

Prós

Ótimas atuações

Aborda a complexidade das relações afetivas na modernidade

Contras

O racismo é inserido de maneira forçada no roteiro

O casal Fred e Isis é um clichê

3.9

Nota

Imagens