O documentário “Além da Utopia” traz um olhar por dentro da fuga da Coreia do Norte
Atualmente, qualquer pessoa consegue opinar sobre qualquer assunto nas redes sociais. A liberdade de expressão, no entanto, nem sempre vem carregada com informações relevantes ou de estudo aprofundado sobre assunto. E, normalmente vem pela observação através de sua própria bolha social e ideológica. Assim, a realidade por trás de uma opinião ou informação repassada, nem sempre é a mesma que alguns caracteres indicam. A verdade, muitas vezes dura e cruel, está para aqueles que vivem de dentro as situações, que muitas vezes rendem meros comentários politizados.
Trazendo o modus operandi de um pastor, que ajuda na fuga de pessoas da Coreia do Norte, que escapam do regime pela fronteira com China, correndo o risco de serem deportadas, “Além da Utopia“, dedica tempo as difíceis etapas do caminho percorrido transpassando os territórios comunistas, até a liberdade, vivendo a situação de dentro.
Como o próprio nome propõe, o filme vai para além do utópico, de uma fuga e um sonho de liberdade. Fica evidente que todas as etapas são carregadas de dor, mesmo quando encontram a liberdade. É um abondo do lar, da sua casa, dos amigos de uma vida. E, ao mesmo tempo, essas pessoas foram manipulados por anos em um regime que esconde e distorce o mundo que fica para além de suas fronteiras. Tudo é novo, e entender que você foi uma vida inteira enganado, é cruel.
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No primeiro momento conhecemos o pastor Seung-eun Kim, e sua missão. Assim, descobrimos como ele tornou sua missão de vida o resgate de refugiados norte coreanos. Enquanto isso, outra história paralela se desenvolve em inserções. Uma mãe que fugiu, deixando seu filho na Coreia do Norte e, agora espera que seu filho também consiga fugir. E, acrescentando informações ao documentário, uma jovem que, em momentos pontuais fala sobre o regime no seu país natal, trazendo uma visão mais clara sobre a manipulação da população.
Mas, a maior parte do documentário é centrada na jornada de uma família que foge do regime. Vivendo a situação de dentro, somos postos sob a perspectiva da câmera documental. Observamos os perigos do trajeto, como se fizéssemos parte do mesmo. A montagem opta por fazer esse trajeto com pequenos cortes para as histórias paralelas. E, em momentos pontuais da viajem pequenos trechos são rendidos para entrevistas. Sem questionar o regime norte coreano, as perguntas são direcionadas ao que entende aquela família sobre a vida em que viviam e sobre o que imaginavam sobre o mundo.
Para complementar as informações de forma mais relevantes, a histórias paralelas se incubem em darem sua visão sob uma perspectiva de quem já conhece o mundo fora das fronteiras da Coreia do Norte.
Outro fato interessante em termos de produção desse documentário, é que a montagem se aventura criando um thriller. A todo momento somos postos diante da tensão, pela possibilidade de captura.
Por fim, “Além da Utopia” não tenta enfeitar a história e nem entregar um final perfeito. O curta mostra somente um dos salvamentos, dos vários que o pastor já fez e, de outros vários, que ele não conseguirá fazer. Também mostra um retrato claro de um regime que manipula a população em pleno século XXI, deixando-os totalmente fora do que é o mundo real.
O documentário “Além da Utopia”, é um dos longas que estão em exibição no Festival do Rio, que acontece entre os dias 5 e 15 de outubro.
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