De uns anos para cá, o cinema nacional têm tentado aprofundar-se no ser humano. A comédia já descobriu as frustrações que passamos e anda fazendo alguns filmes sobre isso. O drama também esta crescendo, mas de uma maneira mais tímida, tateando seu espaço.
Canção da Volta trata da depressão e de suas consequências. Aqui acompanhamos a vida de Eduardo, Julia e seus dois filhos, entre os altos e baixos que vivem a cada dia. De fora, parece uma família dessas que conhecemos e achamos perfeita, até que Julia acaba totalmente pega por sua depressão e isso coloca a todos no meio de um inferno emocional.
Eduardo tenta manter-se firme não apenas por ele, mas também pelo filho adolescente,que esta passando pela rebeldia típica da idade e têm de lidar com esse momento, pela filha menor, que não é capaz de entender tudo que acontece, e pela mulher, que passa por esse tenso, e pouco aceitável para outras pessoas, momento pessoal. No meio desse furacão todo, Eduardo acaba perdendo o controle e passando algumas barreiras difíceis de lidar.O filme tem um ritmo próprio que segue uma boa proposta, mas as vezes acaba dando a impressão que engoliu algo. Ele não mostra tudo de uma vez, apenas sugere e depois confirma através de outras cenas. Um assunto ou outro ser filmado dessa forma é bom para manter o ritmo, mas todo o filme, talvez, fique um pouco demais.
Marina Person faz uma personagem tensa, cheia de momentos dramáticas e sua atuação é bem correta. Foi de grande coragem aceitar ser a protagonista que é tão exigente com suas emoções e momentos. João Miguel também entrega um bom trabalho com o marido que vai do apoio a obsessão e que cai em vários momentos.
O roteiro trata do tema com delicadeza, mas acaba tendo muitas histórias por contar e pouco tempo para dar atenção a todas elas. Por fim, uma ou outra fica sempre pra trás, perdida ou esquecida no caminho. A fotografia escura e a trilha sonora melancólica trabalham para dar uma sensação de vazio, de que falta algo. Analisando mais a fundo esse ponto, percebemos que o “faltar algo” tenha os seus motivos e seja, talvez, proposital.
A direção tomou algumas decisões um pouco duvidosas, mas em geral entrega um produto bom, e não apenas algo razoável. É um tema sensível e o filme foi corajoso de tocar e debater sobre ele. Merece ser visto.
- O trailer oficial do filme sai no dia 10/10.

Marya Cecília é goiana de nascimento, mora em São Paulo há seis anos e ainda assim não consegue lidar com o clima 4 estações em um dia que rola nessa cidade. Tem umas manias esquisitas, tipo ver um filme que gosta várias vezes, mas esta tentando lidar com isso (ou não). Falando nisso, ela não faz questão nenhuma de ser normal, então podemos apenas seguir em frente!
