O sistema carcerário é um tema que gera bastante debate e curiosidade. Se de um lado a cadeia serve para “controlar” o crime e a violência, de outro, acaba sendo uma intensa escola sem volta, para esse mundo.
Um caso em especial ganhou destaque a partir de 2008, quando a CPI do Sistema Carcerário apontou o presídio Central de Porto Alegre, como o pior do país. Seria uma espécie de novo Carandirú? Para efetuar uma análise mais detalhada de como realmente funciona a penitenciária que chamou à atenção de todos, o documentário “Central – O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil”, entra nas chamadas “galerias do crime” e revela cada detalhe.
O presídio Central foi considerado o pior por sua precária estrutura, uma péssima conservação do local e por sua super lotação (com capacidade para 1.824, mas abrigando 4.549 detentos – aproximadamente). Além de chamar a atenção para a quantidade de mortes, fugas e rebeliões frequentes que ali ocorriam. Mas esse cenário curiosamente mudou, dimimuindo o número de mortes para próximo de zero e, acompanhando o documentário, revela-se o porquê.
O filme aborda o lado de dentro da penitenciária, mostrando as origens do crime organizado e a aparente tranquilidade com que o tráfico de drogas funciona, tornando-se uma empresa bastante lucrativa. E, o que seria um descaso das autoridades, para os chefes do tráfico, o lucro de estar ali dentro vale muito a pena.
Em seu primeiro longa-metragem, a diretora Tatiana Sager, recorreu à diferentes linguagens para mostrar a realidade do presídio, como imagens de arquivo, imagens feitas pelos próprios internos, com uma câmera cedida pela diretora para mostrarem seu dia-a-dia, além de entrevistas com familiares e ex detentos. Tatiana também procurou ouvir depoimentos de pesquisadores, representantes do judiciário e oficiais da Brigada Militar (órgão desde 1995 responsável pela segurança do local).
Mesmo a maior parte das cenas tendo sido captadas pelos próprios presos, a qualidade das imagens é muito boa, retratando fielmente sua rotina e causando grande impacto. Com luz e som natural do local, alguns depoimentos acabam por conter muitos ruídos ao fundo, devido ao som ambiente, mas que não perdem a qualidade do inteligente roteiro.
“Central”, procura não achar culpados, mas fazer uma grande reflexão e mostrar como funciona a atual estrutura do local. Como, os critérios para a “organização” dos presos, as condições que são tratados e, a estrutura em que vivem, com esgoto a céu aberto e a infestação de ratos e baratas. Mas, acima de tudo, expõe o poder do crime organizado, refletindo sobre superlotar presídios com criminosos atirados à condições insalubres. Por mais que, para uma parte da população satisfaça o desejo de justiça, acaba gerando o outro lado que, não se quer enxergar, de ainda mais violência.
O documentário estreiou dia 6 de abril.
Por Bruna Tinoco
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