Todo mundo se lembra do clássico “Coração de Dragão”, filme que passou algumas dezenas de vezes na Sessão da Tarde. O longa teve outra continuação que também ganhou muitas exibições nas tardes das TV brasileira, “Coração de Dragão: Um Novo Começo”, de 2000. No entanto, a partir daí, a franquia ficou a deriva, 15 anos esquecida, até que em 2015 ganhou uma nova continuação de baixo orçamento e em 2017 mais uma, ambas pouquíssimo conhecidas. E, aparentemente satisfeita com esses dois últimos filmes – que quase ninguém conhece – a Universal Pictures investiu em mais um longa da franquia, assim nasceu “Coração de Dragão: Vingança”, lançado esse ano.
A nova história gira em torno de um jovem camponês, que depois de ver os pais sendo assassinados na sua frente decide buscar vingança. Contudo, a sua jornada o leva a buscar a ajuda de um dragão, que há tempos foi expulso do reino acusado de traição.
Apesar de tudo, “Coração de Dragão: Vingança” é um longa satisfatório em vista dos recursos disponíveis. O roteiro traz ponto altos e baixos. Com isso, podemos dividir o lado bom como a premissa da história, que trás nuances satisfatória e algumas boas reviravoltas, os personagens agradáveis e uma pegada cômica que funciona, já o lado ruim fica pelo excesso de clichê, principalmente a paixonite desnecessária e mal desenvolvida do protagonista por uma camponesa, o arco mal trabalhado sobre o rei que poderia ser um vilão muito mais interessante e o desenrolar morno do final da história, sem o grande embate esperado. Há de se destacar a ousadia no roteiro em modificar as características dos Dragões da franquia, trazendo agora uma fêmea, com artifícios novos, entre os quais não ser um dragão de fogo e sim de gelo, e se transformar em outros animais.
Já a direção peca nas cenas de ação, vê-se que não há muita habilidade em trabalhar essas cenas e as coreografias das lutas ficam longe de transparecer realismo. Contudo, ainda assim, consegue trazer um clima que relembra um pouco o primeiro filme da franquia. E, falando no primeiro filme, a trilha sonora de “Coração de Dragão: Vingança” usa pontualmente a tema clássico em vários momentos.
A questão do baixo orçamento afeta, principalmente, na questão dos efeitos especiais. Ainda que tente usar tomadas que disfarcem esses problemas, o dragão está longe de passar realismo. Há uma grande oscilação do CGI de uma cena para outra. Em alguns momentos chega a ser satisfatório, e, em outros, chega ao ponto de vergonha alheia.
Por fim, “Coração de Dragão: Vingança” deve causar estranheza pelas mudanças que traz em relação para os acostumados com o filme da sessão da tarde. No entanto, para uma produção b, acaba estando dentro da média, com pontos altos e baixos que se equivalem, sendo melhor em história e mais divertido do que muitos longas com produções infinitamente maiores. Vale ressaltar, que assistindo esse filme, fica a sensação que a Universal Pictures tem nas mãos mais uma franquiam, que como “Jurassic World” e “Velozes e Furiosos”, poderia gerar muito mais retorno ao estúdio. Dessa forma, não seria uma surpresa um anúncio de um reboot no próximos anos.
Longa está disponível no Telecine Play.
Imagens e vídeos: Divulgação/Universal Pictures
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