O termo Universo Cinematográfico da Marvel já não é de todo correto. “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” já não lida apenas com questões dos filmes. Desse modo, o longa é amplamente dependente do conteúdo disponível em séries do Disney Plus para embasar sua história, que de fato, é uma da melhores da Marvel até aqui. No entanto, assim como UCM não designaria o local do longa prestes a estrear, o título desse filme sem a citação de Wanda ou Feiticeira Escarlarte é um tanto injusto, visto que a mesma desvia a atenção para si em todo o filme. Filme este, que se aproxima do terror mais do que qualquer coisa desse Universo Marvel até aqui.

Ao contrário do que era previsto, a nova história do mago traz menos consequências de “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” e tem um elo muito maior com “Wandavision” e “What if…?”. Assim, Estranho entra em uma contexto onde precisa lidar com o multiverso, com seu ego e consequência dos seus atos e uso do seu poder.
Sam Raimi (de “Homem-Aranha”) encontrou um tom único e diferente para trabalhar esse longa. Sem medo de arriscar em passagens mais pesadas, o diretor apresenta poder extremo dos seus protagonistas..
Enquanto o trabalho de edição, busca um modo notável de carregar a história. Não tratasse apenas de efeitos exacerbados, observamos uma busca de aproximar o live-action a um método de animações, onde os poderes são mais visíveis e ao mesmo tempo caricatos, mas com sutileza suficiente para o realismo de um live-action. Do mesmo modo funciona as transições de cenas, que são oportunas e interessantes.
Também o destaque fica por conta do tom de terror e suspense incrementados em várias passagens. Além de trazer um pouco do que os fãs gostariam de ver, condiz com a história mais pesada apresentada. É possível afirmar que o filme caminha na linha tênue da sua classificação indicativa.

Sobre o roteiro, há de se destacar a forma didática de deixar um enredo complicado mais compreensível. Contudo, sem perder qualidade. E, ainda que existam buracos para que saídas mais fáceis aconteçam, isso torna-se menos relevante, porque a trama funciona. E a funcionalidade da mesma está principalmente ligada ao desenvolvimento dos seus protagonistas. Enquanto Wanda (Elizabeth Olsen) já tem uma carga muito grande aderida da série que precisa ser complementada, captamos nas variantes de Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) as facetas do personagem – algo que ainda devemos conferir mais futuramente.
A única ressalva quanto a crescimento, muito por ser introduzida como coadjuvante em um filme com muitos personagens, se dá em relação a Miss America (Xochitl Gomez). A mesma funciona como uma marionete jogada de um lado para outro, até ter sua relevância repentina e com mais propriedade sobre seus poderes. O que acaba soando menos coerente, mas que é usual nesse tipo de história.
Outros problemas (típicos de filmes como esse) são os acasos fantásticos que ocorrem e também a relevância da proporção de poderes. Como de praxe, o personagem usa todo seu poder quando convém.
Mas voltando aos personagens principais, a atuação de Benedict Cumberbatch continua condizente com seu personagem, no entanto, podemos ver as nuances diferentes do mesmo em sua performances com diferentes temperamentos e histórias. Já Elizabeth Olsen é o grande destaque do filme, mais ainda do que foi em Wandavision, aqui ela dá o tom certo para sua versão amargurada e que carrega as feridas da sua personagem, despertando desde medo, ao sentimento de pena.

Por fim, algo que se tornou alvo de críticas e que em partes do filme pode ser justificável são os efeitos e erros mais grosseiros de continuidade. Um exemplo é o “cara da mala”, que passa atrás da mesma cena várias vezes, em momentos distintos. Um cuidado básico que produção poderia ter para que não ocorresse. Ou alguns portais com CGI pouco palpáveis, entre outros. Essas coisas se evidenciam por contrastarem com os vários momentos de qualidade referentes ao mesmo aspecto.
Em conclusão, a Marvel entrega mais um filme com seu selo de qualidade. E aqui não se destaca apenas em termos de fã-service (apesar de presente). O mais legal é que temos uma história que encorpa seus protagonistas e da base para todo o futuro do Multiverso Marvel (não só o cinematográfico). A dificuldade fica por conta dos próximos filmes, que terão necessidade de ir além.
O filme possuí duas cenas pós-créditos (e a segunda pode não ser a mais relevante, mas é a melhor sacada do filme).

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