Encerramento do primeiro arco do Homem-Aranha no MCU se dá em um misto de sombrio com celebração
Em respeito a vocês que enfrentaram uma epopeia para comprar ingresso para esse que é o maior evento cinematográfico pós-pandemia, essa crítica não traz NENHUM SPOILER. Pode ler sem susto.
Recompensa. Esse é o tom (sem trocadilhos com o nome do protagonista por favor) de “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”. E isso é notadamente coeso com a trajetória do aracnídeo dentro do Universo Cinematográfico Marvel. Se a entrada de Peter Parker se deu por uma boa pressão dos fãs, atendida pela Sony e a Marvel Studios, que deram as mãos para colocar o Amigão da Vizinhança no MCU, nada mais justo que o encerramento da trilogia Aranha no MCU fosse forjada para eles.
E como cicerones dessa celebração estão ninguém menos do que os quatro vilões icônicos dos filmes predecessores da fase Tom Holland. Duende Verde (Willem Dafoe), Doutor Octopus (Alfred Molina) e Homem-Areia da primeira trilogia, e Lagarto do reboot de 2012 e Eletro, da continuação de 2014. Eles surgem no MCU como consequência de uma trapalhada envolvendo multiversos, trazendo mais problemas ao pobre Peter Parker (como se ele tivesse poucos). Para lidar com essa parada duríssima, o jovem vingador, agora sem Tony Stark, contará com o Doutor Estranho, além de seus amigos Ned e MJ. E vai aprender de uma vez por todas que com magia e realidades paralelas não se brinca.
Mas esse ambicioso fechamento de arco narrativo na verdade mescla a celebração com um clima bastante sombrio. É de longe o filme mais dramático da nova trilogia, e não é exagero considerá-lo o mais sinistro filme do Aranha. Se “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” era festivo e colorido e “Homem-Aranha Longe de Casa” seguia a mesma linha só que com uma aventura de maior escala, esse aqui é o ponto de virada, que afetará irreversivelmente a trajetória de Peter Parker no futuro. E em se tratando de jornada do herói, isso nunca se dá sem perdas significantes. Às vezes uma, às vezes mais.
“Sem Volta Para Casa” em seu desiderato de recompensar as audiências escorrega em fragilidades. Conveniências (e furos) de roteiro são visíveis. O próprio plot do filme é simplista, e sua resolução mais ainda. Essa mudança de atmosfera em relação ao que vinha sendo apresentado com o personagem acabou sendo brusca. O argumento poderia facilmente ser desmembrado em três filmes. Daí a solução sofreu com uma inevitável urgência. Ainda assim o caráter épico não sofre graves lesões.
O trio de protagonistas formado por Holland, Zendaya e Jacob Batalon está mais afiado do que nunca. Afinal são cinco anos vivendo os papéis e o laço de amizade dos três é convincente, o que do contrário seria desastroso já que é basicamente dessa amizade que a história gira em torno. Vale destacar a melhora significativa de Jamie Foxx como Electro, e não porque o ator se saiu melhor, mas sim porque o personagem teve uma concepção bem mais adequada. O Doutor Octopus de Alfred Molina (rejuvenescido digitalmente, já que o personagem saiu diretamente de 2004) manteve sua coesão com a irretocável versão original, e Willem Dafoe está aterrorizante em uma encarnação do Duende Verde muito superior à que vimos no longa de 2002, que tinha justamente o vilão (sobretudo o visual) como ponto fraco.
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A funcionalidade das novas e antigas peças é bem-organizada por Jon Watts, responsável pela direção de todo esse arco do Homem-Aranha (resta saber se ele voltará nos próximos). Além de sedimentar de vez o herói no MCU, ainda aponta para um interessante futuro solo. Watts conseguiu inserir com fluidez no novo contexto esses elementos da era pré-MCU por mais que no primeiro momento essa fusão não faça tanta lógica. E também se sai bem na construção de alternância entre comédia e drama.
Por fim, “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” não é o melhor filme de super-herói de todos os tempos, tampouco o melhor filme do Homem-Aranha já feito. Entretanto é sem dúvidas uma aventura épica, o melhor longa da trilogia Holland, e, mesmo com alguns percalços, cumpre com a promessa de premiar o fã, que, a essas alturas, é o que interessa no fim das contas.
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