Se Matthew Vaughn já surtou na construção das cenas de ação e no humor negro em “Kingsman: Serviço Secreto”, podemos dizer que ele se superou em “Kingsman: O Círculo Dourado”. A fórmula do sucesso da produção de estreia dos espiões engomadinhos está na sua enorme capacidade em não se levar a sério em nenhum momento. E é o que seu sucessor segue ainda mais à risca, mesmo abordando temas tabus, como o uso e a legalização das drogas.
Geralmente a produção sequente de um filme de sucesso recebe mais investimentos por parte dos estúdios, o que aumenta suas proporções e também as expectativas. “Kingsman: O Círculo Dourado” não dá um passo mais largo em suas aspirações, apesar de expandir sua história em alguns pontos. O que ele faz é trazer tudo o que deu certo no primeiro, com a adição de elementos responsáveis por tirar os personagens da zona de conforto.
A trama não é nada mais do que comum: Uma criminosa insere um vírus em vários tipos de drogas e infecta pessoas no mundo todo. Para fornecer o antídoto, ela exige que um acordo com o governo dos EUA. Com isso, os agentes Kingsman precisam encontra-la, agora com a ajuda da agência Statesman, sua parceira americana.
A simplicidade do texto não impede que Vaughn e os roteiristas Dave Gibbons, Jane Goldman e Mark Millar criem personagens impagáveis. Começando com a vilã vivida por Juliane Moore (se divertindo horrores com esse papel). Ela vive no meio da selva, em uma instalação que lembra as cidades americanas dos anos 50, possui cachorros robôs e faz hambúrguer de carne humana. A atuação de Moore segue o cliché vilanesco, o que não é um problema, já que o charme da atriz nos compensa. Eggsy (Taron Egerton) nós já conhecemos, mas nunca é demais ver um ex malandro como um gentleman mortal. Colin Firth agora é um Galahad desmemoriado e terá sua sanidade questionada, mesmo por seu quase filho Eggsy. As adições mais interessantes são dos agentes Statesman. Pedro Pascal entrega todo seu carisma como um cowboy laçador, assim como Channing Tatum o faz em suas sequências de introdução (já que, provavelmente irá voltar no futuro). Adjetivar suas personalidades pode parecer irrelevante, mas o aprofundamento deles não faz parte do objetivo do roteiro e sim usar as características marcantes de seus intérpretes em prol de suas construções. Elton John, para a surpresa de muitos, também está no filme, e é hilário. Suas cenas cheias de auto referências são memoráveis. E quem pensar que se trata de apenas uma participação especial, saiba que ele é importante para a resolução da história.A edição ágil de Eddie Hamilton ajuda Vaughn na concepção de sequências de ação frenéticas. Como a da abertura, que mostra uma luta dentro de um táxi em alta velocidade. Os cortes rápidos, aliados com as câmeras lentas estilizadas entregam a assinatura do diretor no quesito ação. Cenas de ação essas que são potencializadas pela trilha sonora, com seus hits empolgantes, que grudam na cabeça e passam a fazer parte de cada frame.
A franquia Kingsman se destaca por sua sempre frequente tentativa de inovação ou extrapolação de tudo o que já foi feito em Hollywood para esse gênero de filme. É como se James Bond ou Jason Bourne tivessem tomado ácido. Toda a miscelânea de acontecimentos e gadgets poderiam atrapalhar e transformar o filme em algo enfadonho, mas Vaughn tem total controle do processo e entrega um produto divertido e descompromissado. É uma verdade que o novo cinema comercial falta originalidade e está repetitivo. Por isso, esperamos que os estúdios se inspirem em Kingsman e comecem a trazer ao público produções mais relevantes, mesmo que seja no cenário Pop.
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