“Marguerite & Julien” é um filme francês dirigido por Valérie Donzelli e escrito por ela e Jérémie Elkaïm. Os atores principais são o próprio Jérémie Elkaïm (Julien de Ravalet) e Anaïs Demoustie (Marguerite de Ravalet).
O filme narra a história de dois irmãos aristocratas que se apaixonam um pelo outro e que, apesar de toda a moralidade contra eles, buscam realizar esse desejo do qual são proibidos.
Há muito material para se discutir ou pelo menos um para se discutir muito profundamente. Infelizmente o filme parece não se importar com profundezas políticas, a não ser pelo próprio fato de estar contando essa história verídica do século XVII.
A maneira de narrar se mostra interessante no início, com meninas nos dias atuais a contarem para si mesmas um conto proibido no meio da noite. Mas as interrupções para as narradoras não se mostram úteis para o enredo e, quando são extremamente necessárias, estão ausentes, como quando um helicóptero ou um carro aparece na história. Vários anacronismos são encontrados e, no entanto, não há nenhum esforço em justificá-los.
Algumas passagens de cena são bem antigas ou, para dizer no mínimo, do universo infantil. No entanto, não entram bem. Não há muita explicação para acontecer. O figurino também, ainda que seja uma história contada por crianças, falta com a coerência da mesma. Me refiro mais ao figurino de Margarite.
Alguns símbolos são interessantes, como os animais. Logo no início, Margarite é levada por um cavalo que não consegue controlar, o que sugere o desejo dentro de si. Indica como dois amores lhe cruzam, ágape e eros, a saber, o amor familiar e o erótico. Em outro momento, uma coruja observa os dois irmãos e depois foge, mostrando que já não tinham mais a proteção de “algo”, acabando logo em seguida por serem perseguidos.
No entanto, entre tantas oportunidades, “Marguerite & Julien” se mostra um filme incompleto, que tenta muitas coisas – que nem são tantas – e não as consegue fazer bem feitas. Não é um tema recorrente na tevê ou no cinema, assim que poderiam ter explorado a política do assunto e não apenas uma história infantil para manter um tabu que, no fim, nem se explica a origem e o porquê. No máximo, reafirma um tema constante nos livros do escritor sul-africano “J. M. Coetzee”, de que, quando tomado por Eros, somos apenas vítimas do amor e, no entanto, também o perpetrador.
Por Paulo Abe
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.