Pode-se descrever o filme “Máscara de Ferro” como uma espécie de “Karate Kid” coreano dramaticamente pesado. Nele, a abordagem é mais madura do que no sucesso norte-americano dos anos oitenta, e a arte marcial é o Kendo, não o Karate. No entanto, a premissa de um jovem que necessita superar seus próprios limites para enfrentar um adversário mais poderoso permanece presente. Claro que, como mencionado anteriormente, o foco principal do enredo não reside apenas na superação pessoal além dos limites, mas sim na busca por vingança que Kim Jae-woo (interpretado por Joo Jong-hyuk) planeja contra Hwang Tae-soo (Moon Jin-Seung), o assassino de seu irmão. Tudo isso ocorre em meio ao rigoroso treinamento e ao processo de seleção para a equipe coreana de Kendo, que se prepara para uma importante competição mundial.
Sob a direção de Kim Sung Hwan, “Máscara de Ferro” está repleto de tentativas de criar uma narrativa relevante, uma vez que é evidente a presença de “mensagens” que o cineasta pretende transmitir através da fotografia, montagem e figurino. O problema surge quando o espectador percebe facilmente que há um código visual a ser decifrado nas imagens e que este é tão batido que não precisa de uma decodificação deveras apurada. Se o artesanato audiovisual fosse um pouco mais criativo, contudo, o resultado seria consideravelmente mais intrigante. No entanto, o que se observa são as cores clássicas em preto e branco que representam o bem e o mal, bem como a utilização da neve para simbolizar a purificação de um personagem. Há ainda, no início da projeção, um plano “Olho de Deus” mostrando o carro do protagonista percorrendo uma estrada sinuosa, simbolizando o difícil caminho que ele terá que enfrentar, bem como a vigilância de um observador superior (assim como o espectador).
No meio de toda essa elaboração, Sung Hwan experimenta momentos de tensão durante o treinamento com seu adversário, começando a sentir as consequências do ódio que carrega. Nessas cenas, ao contrário dos clichês mencionados anteriormente, o trabalho de som e direção é satisfatório, permitindo ao espectador sentir a intensidade de cada golpe de espada através dos sons estridentes que reverberam na sala de projeção. Além disso, o silêncio que permeia os momentos de concentração é habilmente inserido após as cenas de combate.
Em resumo, “Máscara de Ferro” apresenta aspectos positivos e negativos em seu artesanato audiovisual, mas se revela abaixo das expectativas quando se trata do roteiro escrito pelo próprio Sung Hwan. O clichê prevalece em uma história de vingança, tema frequentemente explorado pela comercial Hollywood. Embora as cenas de violência sejam mais comedidas no filme sul-coreano, ainda se enquadram no estilo de produções similares que estão dentro de um cenário de saturação no mercado. Portanto, trata-se de uma obra inferior vinda da Coreia do Sul, um país que tem empolgado os amantes do cinema devido à qualidade de diretores como Park Chan-wook e Bong Joon-ho. Esses cineastas conquistaram multidões com seus trabalhos, e por isso as expectativas em relação aos filmes de seus compatriotas são naturalmente elevadas. Aqui, infelizmente, há apenas frustração.
Este Filme foi visto durante a 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
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