“I Like Movies” é uma viagem cinematográfica repleta de paixão, nostalgia e descobertas
Você seria capaz de abandonar seus sonhos apenas porque alguém duvida de você? Em “I Like Movies” somos convidados a embarcar na nostalgia do cinema, enquanto exploramos as complexidades da juventude, dos sonhos aparentemente inatingíveis e emoções vividas por Lawrence, um jovem de ambições ardentes. Guiados pelo amor pela sétima arte, através dos olhos do nosso protagonista, mergulhamos em uma envolvente narrativa profundamente humana sobre dependências emocionais, desafios na comunicação e autodescoberta.
No coração de “I Like Movies” está Lawrence Kweller, um adolescente ambicioso que anseia estudar cinema na NYU (Universidade de Nova York). O único obstáculo em seu caminho é a falta de recursos financeiros. Para financiar sua busca pelos sonhos, ele assume um emprego na videolocadora Sequels, uma espécie de Blockbuster, desencadeando uma jornada repleta de desafios e revelações. À medida que o filme se desenrola, compreendemos as angústias do protagonista e como sua ambição afasta aqueles que lhe são mais próximos.
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A produção de “I Like Movies”, liderada habilmente por Lindsay Blair Goeldner, Evan Dubinsky e Chandler Levack, consegue capturar de forma magistral o espírito do cinema independente das décadas de 90 e 2000. Apesar de demonstrar limitações orçamentárias em certos momentos, o filme é construído de maneira eficiente e coesa, proporcionando uma autêntica experiência cinematográfica.
A roteirista Chandler Levack dá vida a uma narrativa envolvente que presta homenagem não apenas à cultura cinematográfica canadense, mas transcende fronteiras. “I Like Movies” é um filme essencialmente cativante que combina personagens bem desenvolvidos, diálogos perspicazes e uma narrativa sólida que entrelaça muito bem a qualidade da comédia adolescente com uma abordagem séria sobre saúde mental. O roteiro surpreende ao introduzir uma reviravolta emocional no segundo ato, enriquecendo ainda mais a trama.
Chandler Levack, que também assume a direção e faz sua estreia em longas-metragens, demonstra notável habilidade ao conduzir o filme. Sua abordagem cinematográfica brinca com a linguagem e experimenta com paixão, incorporando elementos estéticos das décadas de 80, 90 e 2000. Seu trabalho evoca o estilo dos filmes de comédia daquela época, repletos de conflitos adolescentes exagerados (A cena hilária em que a mãe do protagonista derrama o copo de leite é rica em significados e um ótimo exemplo), bem como elementos de videoclipes e videoarte. A escolha por uma razão de aspecto diferente chama a atenção e transporta o público no tempo, criando uma metalinguagem que mistura cenas do filme principal com trechos de outras produções realizadas pelo protagonista e seus amigos. E, logo no início do filme, somos presenteados com uma cena divertida e habilmente dirigida que estabelece imediatamente esse tom para a narrativa.
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O filme reúne um elenco desconhecido do grande público, que afirma-se com performances certeiras. Destacam-se Percy Hynes White (“Wandynha”), que oferece uma atuação intrigante e introspectiva. Krista Bridges (“Narc”) interpreta uma mãe em conflito, equilibrando a rigidez e o afrouxamento emocional de forma realista e funcional. Romina D’Ugo (“Godfather Of Halem”), no papel de Alana, impressiona ao balancear bem os tons leves e densos de sua interpretação. Finalmente, o jovem Isaiah Lehtinen (“Phill”) brilha como o cinéfilo Lawrence Kweller. Com uma belíssima composição de personagem, trabalhando corretamente a respiração e as nuances de suas emoções, ele entrega uma interpretação cativante que representa muitos jovens em confronto diário com seus medos e ansiedades.
A estreia de Rick Moran como diretor de fotografia de longa-metragem é admirável, pois ele captura perfeitamente a atmosfera emocional do filme. Sua paleta de cores mistura tons pastéis e vibrantes, criando uma sensação nostálgica quase melancólica que enriquece a experiência do espectador.
A direção de arte, liderada por Claudia Dall’Orso, e o figurino, a cargo de Courtney Mitchell, são fundamentais para recriar a ambientação de 2003. Os detalhes minuciosos do cenário e dos objetos cênicos, bem como as vestimentas dos personagens, proporcionam uma experiência ainda mais imersiva para a produção.
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A montagem de Simone Smith desempenha um papel crucial ao adotar cortes experimentais e transições que refletem a estética das produções de baixo orçamento da época. O design de som é sutil e funcional, enquanto a trilha sonora, que mistura tristeza e alegria, complementa as cenas de forma envolvente.
“I Like Movies” é uma carta de amor ao cinema e um retrato sincero e irônico da juventude, da ambição e das escolhas que fazemos na busca por nossos sonhos. É uma obra pessoal, genuína, que aborda temas de amizade, autodescoberta e a transição para a vida adulta. Chandler Levack entregou um filme apaixonante que aquecerá o coração de todos os amantes do cinema em busca de uma experiência autêntica.
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