Crítica | Othelo – O Grande

Um sensível recorte da história de um dos maiores artistas brasileiros

Homem preto, artista brasileiro, um dos maiores nomes do seu tempo naquilo que se propunha a fazer. Grande Otelo, deixou um vasto material de sua vida para ser documentado. Em “Othelo: O Grande”, esse material ganha vida, sob narração do próprio, em uma exímia montagem que apresenta recortes de sua vida, unindo o áudio e o visual para dar ênfase a carreira deste personagem multifacetado, colocando o contraponto com o racismo latente de meados do século XX.

O documentário discorre sobre a trajetória de vida de Otelo de forma não linear. São inseridos pontos de referência e importância que conversam entre si, sempre com a narração feitas por falas do próprio, em matérias de arquivo. Assim, pode-se concordar que existiu um árduo trabalho de montagem. O resultado, até onde a obra nos mostrou, é bastante satisfatório. Começo, trajetória e final estão bem orquestrados.

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Com vasto repertório musical, a obra usa o artifício para passar pela vida de seu ilustre personagem e, assim, constrói a trilha sonora. Nesse ponto, há de se destacar as ótimas escolhas, que conversam com os momentos do documentário, consequentemente, com a fase da vida de Otelo que é contada na ocasião.

O racismo como pauta

O racismo é a temática que guia toda a obra. E, a montagem traz como proposta colocar Otelo como enfrentado e crítico ao racismo. Deste modo, insere falas potentes dele em relação ao temática. Também, é impactante para o público notar como um artista de tamanha grandeza foi, por muitas vezes colocado a margem ou tratado com menor importância em sua época por conta da cor de sua pele.

Ainda, capaz de emocionar o espectador, “Othelo: O Grande”, também traz esse personagem histórico como alguém que tinha muito a dizer. Apesar de passear pelo humor, as falas de Otelo são profundamente inteligentes e conscientes.

Vale ressaltar, que o documentário não apresenta uma abordagem ao intimo familiar do artista. Tão pouco é uma abordagem sobre seus conflitos internos, de cunho mais pessoal. O relato biográfico é sobre o artista em suas obras e na sua arte.

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Por fim, “Othelo: o Grande” deixa uma necessidade de querer saber mais e conhecer detalhes de quem foi este homem. Vencedor do prêmio de Melhor documentário na Première Brasil do Festival do Rio 2023, o filme torna-se um registro único e uma bela homenagem para um dos maiores nomes que a arte do Brasil já teve. Cômico, emocionante e musical, este documentário tem tudo para conquistar o coração do público.

* “Othelo – O Grande” foi visto durante o Festival do Rio 2023. Até o momento, o trailer do filme não havia sido disponibilizado.

Crítica | Othelo – O Grande

Sinopse

Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, foi um dos maiores atores e comediantes do país. Órfão e neto de escravos, escapou da pobreza para forjar uma carreira que rompeu todas as barreiras imagináveis para um ator negro no Brasil, trabalhando com cineastas como Orson Welles, Joaquim Pedro de Andrade, Werner Herzog, Julio Bressane e Nelson Pereira dos Santos, entre tantos outros. Enquanto a mídia se aproveitava de suas polêmicas, Otelo moldou sua própria narrativa e discutiu o racismo que o assombrou por oito décadas, duas ditaduras e mais de cem filmes.

Prós

A montagem faz um ótimo trabalho sonoro/visual

Colocar a temática do racismo através das falas do próprio Otelo foi um acerto

Contras

Pouco sabemos sobre seu lado mais intimo, pessoal.

4.5

Nota

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