Uma das mais bem sucedidas autoras infantis de todos os tempos, com mais de 100 milhões de cópias comercializadas ao redor do mundo, a londrina Beatrix Potter influenciou nomes como George Orwell (A Revolução dos Bichos), Maurice Sendak (Onde Vivem os Monstros), Richard Adams (A Longa Jornada) e Ursula K. Le Guin (A Mão Esquerda da Escuridão). Seu primeiro e mais famoso livro, “As Aventuras de Pedro Coelho” (The Tale of Peter Rabbit, 1902), editado no Brasil pela Companhia das Letrinhas, encontra-se traduzido para mais de 35 idiomas e já superou a marca de 45 milhões de exemplares vendidos.
A enorme popularidade da história logo atraiu o interesse da então nascente indústria audiovisual. Em 1936, Walt Disney procurou Potter para negociar uma adaptação de seu maior clássico. A escritora e ilustradora inglesa, contudo, prontamente rejeitou a ideia. Segundo biógrafos, ela temia que seus desenhos não fossem precisos o suficiente para sofrerem uma ampliação na grande tela. Mais de oito décadas depois dessa rejeição e 75 anos após a morte da autora, chega aos cinemas “Pedro Coelho” (Peter Rabbit, 2018), produção que custou à Sony 50 milhões de dólares – aproximadamente 165 milhões de reais.
No longa-metragem, uma mistura de live-action e animação, o atrevido Pedro – em inglês, Peter (voz de James Corden) – vive com as irmãs Flocos – em inglês, Flopsy (voz de Margot Robbie) -, Flux – em inglês, Mopsy (voz de Elizabeth Debicki) – e Rabo de Algodão – em inglês, Cottontail (voz de Daisy Ridley) – e com o primo Benjamin (em inglês, voz de Colin Moody) em um jardim próximo à casa da bondosa Bea (Rose Byrne), com quem os coelhos desenvolveram uma relação de carinho e amizade. A dinâmica muda, entretanto, com a chegada de um novo vizinho: o controlador Thomas (Domhnall Gleeson), sobrinho do ranzinza Sr. Severino – em inglês, Mr. McGregor (Sam Neill) -, herda a casa do tio e se muda para o campo.
Se o texto de Potter encantava por sua simplicidade, a versão de Rob Lieber (Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso) e Will Gluck (Annie, Amizade Colorida) toma caminho oposto. O roteiro construído pela dupla caracteriza-se por um excesso metalinguístico, evidente, principalmente, em referências descontextualizadas e quebras da quarta parede gratuitas. O uso abusivo dos mencionados recursos, longe de despertar a esperada autoconsciência narrativa, contrariamente revela a dependência dos mesmos clichês por eles satirizados.
À questionável escrita de Gluck contrapõe-se, no entanto, sua ágil direção. A variedade de recursos cômicos dominados pelo cineasta libera o filme do aprisionamento das palavras e abre espaço para novas e inesperadas piadas. Nesse sentido, a parceria com o estúdio Animal Logic (Uma Aventura Lego, Happy Feet: O Pinguim, A Lenda dos Guardiões) mostra-se de fundamental importância. As personagens animadas balanceiam na medida certa o gracioso e o burlesco, alcançando tanto a simpatia quanto as risadas dos espectadores. Além da espirituosa interação entre coelhos e humanos, coadjuvantes como o cervo Felix (em inglês, voz de Christian Gazal) e o galo JW II (em inglês, voz de Will Reichelt) roubam a cena e levam o público às gargalhadas.
“Pedro Coelho” suscita, por fim, duas opiniões aparentemente antagônicas. A primeira delas constata que a produção, prejudicada por um roteiro pretensamente “espertinho”, certamente não faz frente ao clássico de Beatrix Potter. Caso deixado de lado o purismo envolvido no julgamento de adaptações literárias, porém, uma segunda conclusão torna-se possível. Ela consiste justamente em assumir, apesar dos já citados problemas, a experiência final como um divertido passatempo para toda a família.
* O filme estreia dia 22, quinta-feira.
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Eu soy fan #1 de esse tipo de filmes. Eu amo que toda minha família logra fazer uma reunião para assistir ao filme. Eu acho que Pedro Coelho é fantástica de todos os jeitos possíveis é um filme top! Tem muita creatividad, mensagens educativos é interessante. Eu estou muito feliz porque em HBO achei o filme e muitos filmes legais. Para mim, o filme é um clásico e ninguém debería perder a oportunidade de assistir.