Exibido durante o festival Hell de Janeiro, o curta-metragem de animação “O Preto de Azul” é uma obra notável que mergulha profundamente na rica tapeçaria da ancestralidade e na busca de identidade. Este filme cativante leva o público a uma jornada mágica através da mente de um jovem, enquanto ele enfrenta e explora a vastidão do oceano azul, almejando um futuro repleto de promessas.
O roteiro, habilmente concebido por Alvaro Tallarico, tece uma narrativa pautada em metáforas inspiradas nas religiões de matriz africana, enriquecendo a trama com profundidade e significado. O filme nos apresenta um jovem negro que, munido de seu inseparável violão, amadurece e decide deixar sua terra natal, lançando-se na vastidão do mar em busca de fama e reconhecimento. O mar, personificado como uma força implacável e aterradora, submete o garoto a diversas provações em sua jornada, desafiando sua determinação com cada onda quebrada.
Ancestralidade representada através da arte
“O Preto de Azul” destaca-se não apenas pela sua narrativa inspiradora, mas também pela junção de técnicas de animação. A predominância do estilo “Cut-out” ao longo da obra cria uma identidade única e curiosa, que por vezes se alça a animação tradicional, e por vezes utiliza técnicas que causam a sensação de profundidade, dividindo as ilustrações em camadas. No entanto, como resultado da natureza independente do projeto e da inexperiência da dupla composta pelo roteirista e animador, é possível identificar pequenas imperfeições na finalização do filme. Observam-se alguns frames quebrados e “partículas” de efeitos especiais que não se alinham perfeitamente com seus objetos de origem. Embora esses detalhes sejam inofensivos individualmente, a acumulação deles pode ocasionalmente perturbar o espectador mais crítico.
Além disso, as ilustrações de Leandro Ferra merecem destaque por sua paleta de tons azuis diversificados e traços que podem ser descritos como “instáveis”, intensificados com habilidade por meio da animação, e fortificando a ideia de uma identidade própria para a obra. Através dessa abordagem artística, o filme amplifica a sensação de encantamento e incerteza, criando uma atmosfera visualmente única.
A trilha sonora, composta por Kaialas, se entrelaça de maneira coerente com a sonoplastia do filme, enriquecendo a experiência do público. Cada nota musical e efeito sonoro contribuem para uma atmosfera sonora envolvente e emocionalmente carregada, colaborando para a mensagem do filme.
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Em resumo, “O Preto de Azul” é um bom curta-metragem de animação que explora temas profundos de identidade, ancestralidade e autodescoberta, embalada por uma trilha sonora interessante com técnicas de animação que se misturam e conseguem coexistir sem que se torne uma grande bagunça.
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