Um olhar íntimo por dentro das paredes da Opera de Paris
Em 2009, a Paris Opera Ballet foi tema do documentário “La Danse” do diretor Frederick Wiseman. Quem assistiu ao documentário de Wiseman pode imaginar que seria desperdício de tempo assistir a “Reset – O Novo Balé da Ópera de Paris”, o mais recente documentário sobre o Balé da Opera de Paris, dessa vez pela ótica de Thierry Denaiziêre e Alban Teurlai e com uma grande novidade: Benjamin Millepied. Millepeid, que já foi solista do New York City Ballet, é agora o novo diretor artístico da mais antiga companhia de balé clássico do mundo e seu trabalho trouxe uma nova atmosfera a instituição. “Reset” captura esse novo momento da companhia com estilo e dinâmica repaginada.
Benjamin Millepied ficou mundialmente conhecido pelo público geral no filme “Cisne Negro”, com Nathalie Portman como protagonista. Na época ele foi responsável pelas coreografias esplêndidas do mesmo (A título de curiosidade, vale lembrar que ele é o marido de Nathalie Portman).
Millepied, que está retornando a sua terra natal, a França, após 20 anos nos Estados Unidos, traz um olhar nada convencional para a Cia. e o filme, extremamente bem produzido e fotografado, nos mostra como sua direção artística modifica o desenvolvimento da instituição. Benjamin dirige agora a Paris Opera Ballet e, entre outras coisas, tem o desafio de repensar a hierarquia dessa companhia tradicional e trabalhar a diversidade dentro da instituição. O documentário acompanha 39 dias antes da estreia da sua primeira produção original para a companhia. E o novo coreógrafo é carismático, tem olhos atentos a tudo que acontece ao seu redor, um sorriso sincero e cativante e é muito dinâmico no trabalho. Fica claro que para Millepied, o prazer deve sempre fazer parte da sua criação artística. Seu charme inteligente e engraçado cativa o público e, pelo visto, cativou também os diretores do documentário, pois seu desempenho na arte de coreografar e criar muda toda a dinâmica do filme, e os diretores estão sempre prontos a segui-lo.

O filme propõe um olhar íntimo nas salas de ensaio e coxias da Paris Opera Ballet. Thierry Demaizière e Alban Teurlai mostram ao espectador tudo: da criação dos primeiros passos até a exuberante performance da estreia. Os movimentos de câmeras e a bela fotografia com lindas imagens das salas, camarins e interiores da companhia, dos ensaios com Millepied, dos movimentos e dos incríveis corpos dos bailarinos valem o ingresso. O roteiro, porém, poderia ser menos repetitivo.
É claro que para os bailarinos, coreógrafos e amantes de balé o filme talvez seja mais emocionante, pois esse público específico já sabe bastante sobre os bastidores da montagem de um espetáculo e, provavelmente, já conhece todo o histórico da companhia e do coreógrafo em questão. Mas o filme tem potencial para agradar também os não aficionados por esse mundo específico da dança, pois apresenta um olhar dinâmico e moderno do processo criativo de um espetáculo de grande porte. Ao final, fica a vontade de assistir ao espetáculo na íntegra sentado nas poltronas da Opera de Paris. Quem sabe no próximo vôo para cidade luz?
Por Thiago Pach
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