A crise climática, que vem dificultando a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro, é amplamente discutida por cientistas e políticos constantemente. Não por menos, já que todos os dias há notícias de locais que estão passando por crises hídricas, com a seca matando a população ou causando queimadas de proporções gigantescas, enquanto em outros há alagamentos que causam destruições de cidades inteiras. A imprensa é a primeira a relatar esses fatos alarmantes com reportagens por vezes reveladoras. No entanto, é preciso que a arte use seu poder de sensibilizar para também abordar o tema com o intuito de atingir o público em seu íntimo, como tenta fazer o semidocumentário “Virar Mar” – que foi lançado em 2020, mas só chega nos cinemas brasileiros agora pela Vitrine Filmes.
![Virar-Mar-4](https://woomagazine.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Virar-Mar-4.jpg)
O filme dirigido pelo brasileiro Danilo Carvalho e pelo alemão Philipp Hartmann transita entre uma pequena cidade da Alemanha, que será alagada intencionalmente, e um vilarejo no Brasil que sofre com a falta de água. Em ambos os lugares há personagens que se recusam a seguir o que lhes é imposto. Na Europa, um homem segue morando em sua casa mesmo com a ordem de evacuação por causa do alagamento. No semiárido brasileiro, o povo sabe que precisa de um açude para que não morra de sede, e por isso pede ajuda de um cineasta gringo para fazer um filme que servirá para dramatizar um drama real. Só assim, talvez, eles sejam notados por quem tem o poder da construção.
Indo e voltando de um país para o outro, Carvalho e Hartmann conseguem entregar suas mensagens de forma satisfatória entre uma cena e outra. Um exemplo é a sequência que mostra uma senhora regando suas plantas para depois seguir para uma missa que acontece praticamente no quintal de sua casa. Antes disso, por meio de passagens oníricas, o roteiro entrega a sua intenção de transferir a divindade de Deus para a água quando vemos um Jesus afundando em um rio ao invés de andar sobre ele. O Jesus em questão diz que perdeu seu poder por causa da ação poluidora do homem. Mais claro que isso impossível.
![Virar-Mar-3](https://woomagazine.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Virar-Mar-3.jpg)
Ainda há outros momentos bonitos de se ver no núcleo brasileiro, como o banho de garotas em um rio e um pai e filho enviando um “foguete” de água para o céu. Enquanto elas se banham nas águas que ainda lhes restam, eles tentam fazer chover por meio de seu experimento. Por parte dos Alemães, é comovente ver a solidão de um homem em uma casa decrépita que, enquanto aguarda as águas tomarem conta de sua vida, toca em seu piano notas intensas com tom de urgência.
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“Virar Mar” só não alcançara todo o seu potencial porque acaba, como vários outros títulos, caindo naquele nicho de filme feito para cinéfilos e festivais. Sua linguagem poética não conseguirá atrair um público amplo, o que é uma pena, já que seu conteúdo é muito importante em um mundo cada vez mais desgastado pelas mudanças climáticas. Pouca gente conseguirá vê-lo, infelizmente.
O filme estreia em dia 28 de julho.
![Virar Mar 2](https://woomagazine.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Virar-Mar-2.jpg)
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