O anúncio dos roteiristas do filme em live-action do anime “Naruto” trouxe o debate sobre as adaptações das obras japonesas para o cinema. O questionamento sobre esse tipo de obra é a qualidade das produções e as semelhanças – ou não – com as versões originais. É neste ponto que os fãs ficam incrédulos.
Nos últimos 10 anos, muitos animes passaram por adaptações para chegar ao mercado cinematográfico ocidental e oriental. Um dos grandes expoentes da frustração desse modelo é “Dragon Ball Evolution”. A grande expectativa para a produção também gerou uma enorme frustração. Passando do limite do fiasco, a adaptação do fenômeno mundial veio para acabar com qualquer expectativa sobre qualquer possível live-action.
Aliás, por que há tantos problemas com as adaptações? Bem, a resposta é mais simples do que parece. Fidelidade. Tentar transformar uma obra de mais de 700 capítulos, no caso de Naruto, em um filme é um trabalho complicado. Qual vai ser o conteúdo abordado? O que vai ter destaque? O que será colocado de lado? Qual será o arco escolhido? E quem fará os papéis dos personagens abordados? Esses questionamentos são feitos pelos roteiristas, produtores e diretores que viajam na arriscada jornada de produção de um live-action. Em caso de obras menores, o trabalho é mais simples, até porque não há tanto conteúdo a ser explorado. Agora, em grandes animes isso é um problema. Na maioria das vezes, os filmes pecam.
Em “Dragon Ball Evolution”, a tentativa de ambientar a história para os dias atuais em um estilo mais jovem, pode até ser válida. Contudo, a descaracterização dos personagens, aliado a uma história sem pé nem cabeça e efeitos questionáveis fez com que jovens que viveram intensamente a história nos anos 1990 e 2000 saíssem com o sentimento de que sua principal animação havia sido destruída e transformada em outra coisa que não fosse Dragon Ball.
Entretanto, se engana quem acha que é só o ocidente que peca ao readaptar animes de sucesso do Japão. Os próprios nipônicos erram e erram feio nas suas adaptações. “Shingeki no Kyojin” (Attack on Titan) é uma das séries de animes de maior sucesso no mundo. A história de um grupo de humanos que vivem isolados de um feudo, mas acabam tendo que lutar contra criaturas gigantes que rompem as muralhas que os protegem, conquistou milhões de fãs em todo planeta, abrindo os olhos do cinema. Resultado: uma adaptação para a tela grande. Com efeitos especiais questionáveis, cenários controversos e personagens pouco parecidos com os originais, SnK foi bastante criticado e frustrou os fãs que aguardavam o live-action.
Entretanto, para quem acha que tudo é uma tragédia, existem bons exemplos de adaptações. O live-action de “Samurai X” foi um sucesso de bilheteria e de crítica. O longa, apesar de não ter alguns pontos do anime e mangá original, foi bem fiel à história, com atuações bem convincentes de quase todos os personagens. Este, talvez, seja a grande inspiração para boas adaptações.
Ainda neste ano, mais dois live-actions vão estrear. De um lado, a produção ocidental, que será a adaptação do anime de sucesso “Death Note”, com data marcada para o dia 25 de agosto. A história foi toda produzida pela Netflix. Apesar do nome de peso por trás da produção, “Death Note” foi criticado por fãs por não manter a caracterização original dos personagens.
Outro sucesso que vai ser lançado, agora para o lado oriental, é “Fullmetal Alchemist”. Há uma grande expectativa sobre como será a obra, que estreia em dezembro, muito por conta do pouco que foi mostrado nos trailers. Alguns pontos do filme foram questionados, como os efeitos especiais e a peruca loira do personagem Edward Elric. Vale ressaltar que o filme é para o público japonês, com atores japoneses. Logo, é muito difícil achar aspectos que sejam semelhantes entre os personagens originais com as características do povo japonês.
Agora, por que Naruto será o grande pivô do futuro do live-action? Depois dos dois filmes citados anteriormente, não há previsão de nenhuma grande adaptação. Com isso, caberá a Naruto apresentar uma nova fase desse tipo de produção ou ser apenas mais um fiasco para a galeria.
Naruto é um anime grande, com uma história de difícil adaptação. Se os produtores conseguirem levar ao máximo a raiz da animação, como falas, cenários, técnicas e caracterização dos personagens, começará a dar um passo para uma boa obra. Outro ponto importante é não tentar juntar muitos arcos, com muitos personagens em um filme só. Naruto não dá para ser resumido em apenas 2 horas. É importante selecionar um arco da história e explorá-lo ao máximo para ficar o mais próximo do original. Se o longa for pensado para os fãs, a adaptação tem grandes chances de dar certo. Se for ser apenas mais um produto comercial, Hollywood pode estar para acompanhar mais um fracasso.
Sobre Naruto
A adaptação vai contar com os roteiros de Jon e Erich Hoeber (RED – aposentados e perigosos), com a produção da Lionsgate (“Jogos Vorazes” e “Power Rangers”).
A direção ficará a cargo de Michael Gracey (The Greatest Showman). Masashi Kishimoto, criador do mangá, estará também na produção, o que pode significar um alívio para os fãs da série. O filme ainda não tem data para ser lançado.
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