Série “Gloria” estreia no próximo domingo após o Fantástico, relembrando a trajetória de Gloria Maria
O “Fantástico” exibiu trechos da série documental inédita em homenagem a Gloria Maria, um dos nomes mais emblemáticos do jornalismo brasileiro. Dividida em quatro episódios, a produção mergulha na trajetória profissional e pessoal da repórter que desafiou padrões, quebrou barreiras e abriu caminhos — especialmente para as mulheres negras na televisão. A série “Gloria” estreia na tv aberta dia 27 após o Fantástico em comemoração aos 60 anos da emissora.
Dirigida por Paulo Sampaio e Daniele França, a série reúne imagens raras, vídeos de arquivo, trechos de diários inéditos e depoimentos emocionados de amigos e colegas de profissão. Entre os nomes presentes estão Pedro Bial, Leilane Neubarth, Mano Brown, Emicida, Maria Bethânia, Roberto Carlos e Maju Coutinho.
“Queríamos contar a história de uma mulher que representava o passado dessa TV e continua apontando o futuro. Quem melhor pra dizer isso pra gente do que a Gloria Maria?”, afirma Sampaio.
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O documentário traça um retrato íntimo da jornalista, revelando diferentes facetas de sua personalidade: a mulher corajosa, sensível, inquieta e movida por uma curiosidade sem limites. A produção destaca tanto sua vida pessoal — com momentos ao lado das filhas, Maria e Laura, e relatos tocantes de maternidade — quanto sua carreira extraordinária.
Gloria começou atendendo telefonemas na redação, mas logo pegou o microfone e nunca mais largou. Sua voz marcou coberturas históricas, como a queda do Elevado Paulo de Frontin, em 1971, e entrevistas de alto risco, incluindo uma com um dos traficantes mais procurados do Rio nos anos 1980. Também protagonizou feitos pioneiros: foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional, em 1977, e a primeira a fazer uma transmissão em alta definição na televisão brasileira, em 2007, pelo Fantástico.
Entre as reportagens marcantes, está a visita à Nigéria — que Gloria considerava transformadora — e um episódio que escancarou o racismo estrutural no Brasil. Em 1980, ela denunciou, em rede nacional, ter sido impedida de subir ao quarto de um hotel por ser negra. “Fui barrada não por ser jornalista ou por outro motivo qualquer. Eu fui barrada por ser negra”, declarou na época. A atitude corajosa evidenciou o quanto Gloria sempre teve consciência de seu papel social e da responsabilidade de representar tantas outras mulheres.
O documentário também destaca o impacto duradouro que a jornalista teve nas novas gerações. Em uma roda de conversa com 18 comunicadoras negras, entre elas Maju Coutinho, surgem lembranças, reflexões e a certeza de que Gloria deixou um legado poderoso. “Gloria Maria não é só um nome. É um legado. Ela é fantástica. E muitas de nós, jornalistas pretas, não tivemos a sorte de conviver com ela”, afirma Maju.
Gloria Maria faleceu em fevereiro de 2023, no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer no cérebro. Mesmo após sua partida, sua presença segue viva nas telas, nas memórias e na inspiração que continua a provocar. A série reafirma aquilo que o público sempre soube: Gloria Maria é eterna. Sua história é, literalmente, de glória.
Jornalista em gravação a vinheta de 2013 da Globo. Imagem Destacada: Divulgação/Memória Globo (Fotografia: Matheus Cabral)
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