Quando parecia que nada superaria o entusiasmo que todos sentiram vendo “Mulher Maravilha” mês passado, Homem-Aranha, herói já bem conhecido das telonas, volta com estilo e cara nova. Interpretado por Tom Holland, não é a primeira vez que esta releitura do personagem foi introduzida.
Este novo e mais divertido Homem-Aranha, havia anteriormente aparecido no filme “Capitão América: Guerra Civil” em 2016, onde diferenças de opinião em relação ao papel do governo no controle de super-heróis culminou em uma guerra entre personagens do universo Marvel. No longa de 2016, o Homem-Aranha é introduzido pelo Homem de Ferro, interpretado por Robert Downey Jr., que dá ao herói não somente suas roupas, mas também o início de uma figura paterna que o tenta controlar. Esta figura dá um tom bastante diferente ao herói no filme que estreou recentemente, e que originalmente – tanto nos quadrinhos como nos filmes anteriores – sofre por ter perdido seu amado tio Ben.
O personagem, criado pelo escritor Stan Lee e pelo artista Steve Ditko em 1962, é um jovem órfão que vive com o tios Ben e May na cidade de Nova York. Os problemas normais que qualquer adolescente nerd enfrenta no colegial ficam mais interessantes quando Peter Parker, o nome verdadeiro do herói, é picado por uma aranha radioativa, que o dá agilidade e força sobre-humana. Porém, não são seus superpoderes que tornam o Homem-Aranha um herói único, mas sim sua personalidade.
Sendo um adolescente muito inteligente, mas que se sente inadequado frente os seus colegas enquanto é rejeitado pelas garotas, Peter tinha tudo para ser apenas um ajudante de heróis, como por exemplo o personagem Robin, ajudante do mais experiente Batman. Porém, a ideia dos criadores era de que Peter crescesse no decorrer do tempo, evitando chama-lo de garoto, ou “Garoto-Aranha”, para que não parecesse inferior aos outros heróis.
Embora não pareça que o Homem-Aranha do cinema se tornará adulto tão brevemente quanto os criadores idealizaram nos anos 60, o fato de Peter ser um adolescente é o que dá ao personagem sua característica mais única e importante. Para começar, o Homem-Aranha precisa aprender a ser herói por si próprio e aprender com seus próprios erros. Por exemplo, pouco tempo depois de ganhar superpoderes, Peter ignora a chance de parar um bandido. Porém, este mesmo bandido acaba tirando a vida de seu tio momentos depois. O sofrimento da perda e o sentimento de culpa ficam na memória do personagem, que aprende sua lição mais importante nas palavras de seu tio: “com um grande poder, sempre deve haver uma grande responsabilidade.”
A figura paterna do Homem de Ferro em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” muda o tom trágico de um herói sem pai que precisa aprender a ser adulto por si mesmo. Além disso, o fato de Peter receber muitos de seus equipamentos, inclusive sua roupa, deste personagem, diminui sua importância como um garoto inteligente que consegue desenvolver suas próprias engenhocas. Em outras palavras, diminui a importância de sua jornada para se tornar adulto.
Porém, isto não faz com que o filme não seja um dos melhores do universo Marvel. Contando com cenas emocionantes e de tirar o fôlego, também é bastante divertido. Além disso, este é o primeiro filme que mostra um Homem-Aranha que é tão brincalhão em suas lutas quanto o personagem é nos quadrinhos.
*Texto escrito por Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Atualmente, está produzindo NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D.
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
2 Comments