O evento melhorou muito em acessibilidade mas, nesse balanço, mostramos que o Lollapalooza ainda tem aprendizados sob nova organização
Não adianta: apesar da expertise na realização de eventos, a realização de um festival em um local diferente do esperado é sempre uma bomba relógio. Com aprendizados com o The Town e novos desafios para o futuro, esse é o nosso balanço do Lollapalooza 2024.
O bom: transporte pro/do evento
A mudança de gestão do festival e o investimento do Autódromo de Interlagos como grande polo para realização de eventos trouxe mudanças para o Lollapalooza, que pela primeira vez, após isso ter ocorrido de forma inédita com o The Town, a cidade ofereceria transporte público vinte e quatro horas, tanto para embarque para desembarque — para o caso de embarque, porém, esse só valeu para a Estação Autódromo, que oferece acesso ao local.
Além disso, a Rock World, também responsável pelo Rock in Rio, negociou com o transporte público o oferecimento de viagens expressas até o local, ou seja, um tíquete especial com direito a apenas uma parada na Estação Autódromo. A terceira opção é o “Lolla Express”, que não tem nada a ver com os trens expressos, mas serviços de ônibus sem parada que partem de quatro locais estratégicos da cidade e que leva direto aos portões do evento.
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Pode melhorar: acessibilidade
Não se fala de acessibilidade há pouco tempo, embora só muito recentemente que pessoas com deficiência têm conquistado mais espaço para poder falar sobre suas vivências. Esse quem vos fala tampouco faz parte dessa minoria e não pode fazer um apontamento minucioso sobre o assunto, mas logo de cara há algumas questões em jogo.
Em primeiro ponto, os banheiros para PcDs não contaram com fiscalização e tampouco manutenção adequada, o que não só trouxe sobrecarga do serviço, como indignação de usuários em redes sociais.
Em segundo plano, e isso é válido também para aqueles que não possuem problemas de mobilidade reduzida, a chuva pode ser um velho conhecido do frequentador do festival — são mesmo as águas de março fechando o verão — mas isso não quer dizer que seus efeitos não possam ser cauterizados.
Com rampas que levam de nada a lugar nenhum, a situação era mais dramática na conexão entre a metade que levava aos palcos Samsung Galaxy e Alternativo, com trecho que requeria longas passagens pela lama; o asfalto não era uma opção. Tapumes efetivos vieram no terceiro dia, mas não davam conta do volume de pedestres.
Se aqueles que não têm mobilidade reduzida enfrentaram problemas, o problema é mais abaixo para aqueles que lidam com isso no dia a dia — não se trata apenas de evitar tombos, mas também proporcionar acesso a espaços, incluindo às ditas plataformas elevadas (no caso do Palco Samsung Galaxy, o problema era o próprio terreno irregular).
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O bom: boas parcerias
Com boas parcerias nas mangas, o público não precisou passar por perrengues previsíveis na hora de descansar e reabastecer as energias de forma geral. Com patrocínio do Bradesco, as estações de água, que agora viraram um padrão em eventos do tipo, estavam bem distribuídas e todos tinham direito a um squeeze personalizado do evento.
As ativações também ajudaram a manter as energias de pé por mais tempo, e entre barrinhas de proteína, drinks, paradas para descanso, bolsinhas e outros mimos, nosso destaque vai para as estações da Club Social, Mike’s e Bold Snacks. Um super agradecimento para a Sadia, que distribuiu óculos que podem não ter protegido do (tímido) sol, mas com certeza ajudou contra a chuva.
Pode melhorar: line-up (e relação com artistas)
Uma preocupação que surge no Lolla sob nova direção é algum nível de perda de identidade com atrações que são figuras mais carimbadas de, por exemplo, Rock in Rio. Os cancelamentos não são um problema de hoje, e devem ser um dos próximos grandes desafios da organização para reter a confiança do público — ao que pese a facilitação na contratação de artistas, a não aplicação de multas trouxe uma lineup feita muito as pressas e pouco diversa — puxado para o pop, apenas Sam Smith e SZA representavam entre os headliners, também os únicos não-homens após os cancelamentos.
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A organização também não emitiu notas quanto a problemas técnicos que forçaram atrasos como os de MC Livinho e MC Davi, bem como praticamente o cancelamento da performance de MC Luanna, que pôde se apresentar senão por 20 minutos — coincidentemente todos artistas nacionais e de gêneros periféricos; resta a dúvida se a postura seria a mesma com o show do Blink-182 ou Arcade Fire.
Imagem: Divulgação/Lollapalooza (Crédito: Flashbang/Pedro Fatore)
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