The Town 2023: impressões da primeira edição do festival

Após diversas edições do Rock in Rio, os mesmos organizadores criaram o The Town, com a mesma proposta para a cidade de São Paulo. Assim como o tradicional festival do Rio de Janeiro, a curadoria apostou na diversidade de estilos musicais e o mapa do The Town buscou se aproximar da estética do Rock in Rio. Confira as minhas impressões sobre a histórica primeira edição do festival:

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Eu já tenho um relacionamento bem longo com o Rock in Rio, portanto, será inevitável fazer algumas comparações entre ele e o The Town. Desde 2001, estive em ao menos um dia em todas as edições. Em 2019, também tive a oportunidade de trabalhar como profissional de mídia, assim como nessa primeira edição do The Town. Ter vivido essas duas experiências, certamente me dá uma visão bem ampla dos dois festivais.

Mapa de Palco e Estrutura

O Autódromo de Interlagos não foi projetado para abrigar festivais de música. Porém, vem recebendo o festival Lollapalooza há anos e isso talvez tenha contribuído para a escolha do local para hospedar o The Town.

Mas infelizmente, a estrutura ampla não foi muito bem usada. A disposição do Palco Skyline num plano elevado e estreito gerou muita dificuldade para a plateia se deslocar de um ponto a outro. Além disso, por ser um espaço pequeno, as torres de som e as mesas de iluminação ficaram muito próximas umas das outras, obstruindo a visão de quem estava mais para trás. Além do Palco Skyline, vários banheiros estavam em cima, o que tornava impossível organizar uma fila.

Eu acredito que a lógica deveria ser inversa, com todos os palcos nos planos baixos para melhorar o fluxo das pessoas e a visibilidade do Palco Skyline. O Palco The One, por exemplo, deu super certo justamente por estar abaixo, proporcionando uma visão de cima para baixo. O mapa do evento, com certeza foi o ponto mais crítico do festival, e precisa ser revisto para a próxima edição.

Acesso e Transporte

O esquema de transporte foi o que mais funcionou nesse festival. A integração do trem e metrô, com opções para todos os gostos e bolsos, foi a melhor opção, mas o público teve ainda ônibus regulares e uma linha exclusiva para o The Town. Um esquema que seria bem legal de ver no Rock in Rio ano que vem.

O acesso até a entrada do autódromo foi muito bem sinalizado para quem fez a mesma escolha que eu, que foi o bilhete semiexpresso do trem+metrô. Contudo, os acessos na entrada e na saída do Autódromo, afunilavam em alguns pontos, tornando o deslocamento devagar e até mesmo um pouco perigoso, pela grande aglomeração em corredores estreitos. No final, deu tudo certo, mas precisa melhorar.

Curadoria musical e Público do The Town

A curadoria do festival fez o melhor que pôde para montar o line-up dos cinco dias do The Town. Entre erros, acertos e imprevistos a proposta da diversidade de artistas pop foi alcançada com sucesso. No entanto, algumas atrações pareciam não encontrar seu público, especialmente no sábado, 9. Wet Leg, Garbage e Yeah Yeah Yeahs sofreram com a indiferença do público, que estava em busca de um rock mais cru.

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Outro palco que sofreu com a apatia e a baixa adesão dos presentes foi o New Dance Order. E isso foi um pouco triste, já que a organização trouxe grandes artistas da cena eletrônica para tocar. A sensação foi de que a distância deste palco para os outros e a dificuldade em acessá-lo, acabou contribuindo para o esvaziamento desse espaço.

Entre os acertos da organização, destaco Post Malone, Ludmilla, Foo Fighters e, é claro, Bruno Mars. No palco The One, Pablo Vittar, Seu Jorge, Ney Matogrosso e Jão arrastaram uma multidão. O público parecia, de um modo geral, estar feliz no evento. O clima era de tranquilidade, mesmo nos momentos de dificuldades para transitar no festival. Com a edição de 2025 já anunciada, o The Town tem tudo para ser abraçado mais uma vez pelo público.

Consumo, sustentabilidade e experiências

Este foi outro ponto muito positivo do The Town. Algo que eu sonhava finalmente aconteceu: não era aceito dinheiro em espécie, com a opção de um cartão recarregável para quem não tivesse um cartão de débito ou crédito. Além disso, a compra antecipada de tíquetes de cerveja, me fez economizar minutos preciosos.

Os valores dos itens de alimentação e bebidas estavam um pouco acima do mercado, mas nada diferente dos preços praticados em grandes eventos. Eu, particularmente, gostei muito das opções disponíveis, seja na parte mais sofisticada do Market Street sob o comando do chef Alex Atala ou os fast-foods e guloseimas espalhados por todo evento.

Outro sonho meu, também foi implantado no The Town. O copo reutilizável para as bebidas, reduziu bastante a quantidade de lixo deixado para trás em comparação com o Rock on Rio do ano passado. Reutilizar faz bem para tornar tanto o ambiente da festa mais limpo, tanto para o planeta.

Sobre as ativações e experiências, não tenho como avaliar muito, já que não passei por nenhum brinquedo ou stands que distribuem brindes. Como já disse antes, os deslocamentos levavam muito tempo, então priorizei a música, que é o que mais me interessa mesmo.

Staff e Estrutura para Imprensa

Por fim, preciso registrar a qualidade dos profissionais que trabalharam no festival. Independente do setor, a grande maioria manteve o atendimento cordial mesmo após um dia cansativo de trabalho. Até mesmo as forças de segurança, que muitas vezes precisam tomar decisões difíceis, estavam sempre com muita alegria e educação.

Como no sábado estive presente como profissional da imprensa, só tenho a agradecer a atenção da organização e a ótima estrutura de trabalho montada. Os assessores não mediram esforços para abrir um espaço na agenda dos artistas para entrevistas.

Em resumo, o festival teve uma boa organização. Ainda que eu tenha identificado alguns pontos a melhorar, o resultado geral foi excelente, considerando que essa é a primeira edição. Já estou com saudade. Até 2025, The Town!