Manu Gavassi demonstra nervosismo e Carisma no palco do Lollapalooza 2024
Para esquentar o início da tarde fria de sábado no Lollapalooza 2024, Manu Gavassi se apresentou no Palco Alternativo sob garoa, se declarou para os fãs e também homenageou a rainha do rock Rita Lee.
Ser amada é ainda pior
A tarde foi tranquila para os fãs que se amontoaram para ver a apresentação de Manu Gavassi no Palco Alternativo no segundo dia do Lollapalooza 2024. Em um clima mais intimista ao estilo voz e violão, sem grandes produções, trocas de roupas desnecessárias e extravagantes, Manu convence pelo arroz com feijão em uma performance não exatamente memorável.
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Em uma setlist que dá a volta até — literalmente — anunciar a sua fase adolescente, então retornando para os mais novos singles, Gavassi tenta dar conta da autocontradição que atravessa a própria obra. Ao que abre seu show com “Áudio de Desculpas”, segue os seguintes versos (que não passam despercebidos a um linguista de formação que vos escreve):
“Sotaque paulistano, para-raio de crítica / […] / Sotaque paulistano não se monetiza / O Brasil é muito vasto, e eu, muito Mona Lisa”
Trecho de Pronta para desagradar, Manu Gavassi (2023).
Por raras vezes ao falar da experiência de um show recorrer ao conteúdo lírico é tão necessário. Enquanto canta o desejo de ser normal (“Áudio de Desculpas”, 2019), penúltima faixa da tarde, a paulistana ataca seus descontentamentos com o mundo contemporâneo, o machismo, a mídia e espetacularização da vida, sem a autocrítica do ridículo, ou do reconhecimento de um lugar de privilégio.
Seja por paralelismos mal encaixados ou simplesmente por críticas que se esvaziam por lugares comuns, há uma dissonância no discurso de pretenso “laço no cabelo e bom senso crítico” (sic). Vamos lá, se falar de temas de grande importância fosse atestado de qualidade, estaríamos todos reverenciando o filme “Cinderela Baiana” (1998), com Carla Perez, como um clássico do cinema nacional, o que está longe de ser o caso.
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Vale o adendo, embora pareça deslocaso, que não são justas as críticas quanto a sua origem — senão enquanto reflexão de algo mais profundo — e que nesse show se materializam no pesar no peito que a artista demonstra, feliz, ao ver o público unido prestigiando seu trabalho; uma forma de dar poder ao (e de reconhecer-se no) seu papel enquanto artista. Para a ocasião, foi exibido um áudio elogioso de Rita Lee à Manu, entre as performances de dois covers seus: “Esse tal de Roque Enrow” e “Agora só falta você”.
Manu Gavassi já foi muitas coisas e se reinventou tantas vezes foi preciso. Em última análise, não há como negar seu talento enquanto artista em várias áreas, como a produção audiovisual. O show mais curto não pecou pela duração, senão pela falta de conteúdo. Por uma vez o áudio estourou, eventualmente a própria cantora reclamou de seu retorno, porém isso não chegou a atrapalhar o conjunto.
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Em levar-se a sério demais, porém oferecendo um requentado diluído e pouco transgressor, não há como fugir que o ponto alto de seu show foram os sucessos adolescentes e pop chiclete, como “Planos Impossíveis”, “Garoto Errado” e “Camiseta” — e está tudo bem com isso. Essa foi a estreia, aliás, de “Sexo, poder e arte” ao vivo, mas não sejamos repetitivos.
“Tô quase morrendo de nervoso. Acho que morri e isso aqui é um holograma.”
Confissão da cantora para o público logo no início do show.
Imagem: Divulgação/Lollapalooza (Crédito: Flashbang/Nathalia Pacheco)
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