Mais perdido que cego em tiroteio

Na próxima quinta, 26 de maio, mais um filme nacional entrará em cartaz. Estamos falando do longa “Uma Noite Em Sampa”, que apresenta uma proposta bem simples para cativar o público, mas honestamente o tirou saiu pela culatra.
Na trama, um grupo de classe média/média alta, que não mora mais em São Paulo, por buscarem mais segurança e um melhor estilo de vida, pagou uma excursão para assistir a um espetáculo teatral, no teatro Ruth Escobar, e um jantar. Após o termino da peça o grupo se reúne para entrar no ônibus e seguir ao próximo destino, mas o motorista sumiu e veículo está trancado. Sem saber o que fazer diante de tal situação eles começam a indagar soluções e a discutirem entre si, passando a noite parados no mesmo lugar.
Com a simplória premissa de execução, o longa, que reúne alguns rostos conhecidos do teatro paulista, que já passaram pela televisão e por outras produções cinematográficas, vai além do “deixar a desejar”, extrapola a noção, ainda que ficcional, e nos deixa perguntando que tipo de filme é esse. O que escrever sobre ele?

O roteiro e a direção são assinados por Ugo Giorgetti, um experiente diretor com mais de 10 produções no currículo, que resolveu fazer um filme de “conclusão de curso técnico audiovisual”. Ainda que propusesse a usar uma linguagem experimental, o resultado final passou longe disso. Os fraquíssimos diálogos não se propõem a expor o que supostamente deveriam representar e temos um marasmo de setenta e poucos minutos na tela.
Não podemos deixar de reconhecer o quão difícil é lidar um com grande elenco, juntos em set, tendo que travar seus diálogos e ainda conseguir captar o que gostaríamos, mas resumidamente, não há sequer um ator e/ou atriz que mereça ser citado por ter se destacado. A presença de Otávio Augusto, para uma micro participação, é a hora que você respira e pensa “agora vai”, mas não vai.
Para aumentar nossa tristeza, Walter Carvalho, um excelente Diretor de Fotografia, apresenta talvez o pior resultado de seu trabalho em décadas de reconhecimento profissional. Para quem já apresentou ótimos resultados como em “Amores Roubados (2014)”, “Getúlio (2013)” e “Carandiru (2003)”, citando pouquíssimos exemplos, nos falta palavras para descrever a fotografia desse filme.
Por mais que se apresente uma premissa de que os personagens “congelam” de medo e por isso não tomam uma real atitude, eles estão estagnados a um status. “Uma Noite Em Sampa” é tão despretensioso quanto fraco, tão simples quanto ruim. Para quem curte dormir no cinema, o filme é uma boa pedida.
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Paulo Olivera
Paulo Olivera é mineiro, Gypsy Lifestyle e nômade intelectual. Apaixonado pelas artes, Bombril na vida profissional e viciado em prazeres carnais e intelectuais inadequados para menores e/ou sem ensino médio completo.

2 Comments
Agnes Zuliani
28 de maio de 2016 at 03:31
Walter Carvalho de Uma noite em Sampa não é o mesmo de Walter Carvalho de Central do Brasil
Paulo Olivera
2 de junho de 2016 at 15:25
Olá Agnes, recebemos sua observação e agradecemos. Gostaríamos de saber como possui essa informação, uma vez que todos os sites estão divulgando que a Direção de Fotografia é do Walter Carvalho de “Central do Brasil”, incluindo o site internacional IMDB.