Lançado na quinta, dia 10 de novembro, Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre traz de volta a poderosa mensagem e estética do primeiro filme, com novos desafios: um roteiro sem o lendário T’Challa e fazer jus ao impacto cultural do primeiro longa. Confira nossa crítica a seguir — sem spoilers!
Queimando em um sonho impossível?
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É possível escrever uma boa história sem seu protagonista? Em Black Panther 2 os roteiristas Ryan Coogler e Joe Robert Cole tiveram de encarar esse grande desafio.
Com a morte do ator Chadwick Boseman (T’Challa), o trono de Wakanda e a posição de Pantera Negra ficaram vagos, e é com uma melancólica sequência que o espectador acompanha, nos primeiros minutos, os ritos fúnebres wakandianos, nessa que também é uma bela homenagem deixado por seu legado dentro e fora das telas.
Não é verdade, porém, que o filme segue sem um herói no centro dos holofotes: entre as temáticas de Wakanda Para Sempre está o luto, e a princesa Shuri (Letitia Wright) carrega essa difícil tarefa com maestria; com perfeita naturalidade é uma personagem diametralmente diferente comparada ao início da trama.
De modo geral o elenco continua afiado como sempre, o que se deve tanto à direção extremamente competente quanto à escalação de um elenco de peso. Atenção ao papel de Riri Williams (Dominique Thorne), que estreará o solo “Iron Heart” em 2023 e estabeleceu o que parece ser o tom certo ao papel.
Com efeito, se tem algo que o longa sabe fazer é – na maior parte – estabelecer um clima. Tenoch Huerta, que recebeu certo buzz nas semanas anteriores à estreia, também passa toda a majestade necessária ao monarca Namor de Talocan, personagem chave da trama.
Não é de se deixar de lado, porém, que há no ar uma sensação de “vazio”. Deveria-se isso à ausência de Chadwick? Parece que não (simplesmente). É evidente que entre T’Challa e Shuri há uma diferença, para começar, de energia, o que há de suscitar comparações, entretanto, o problema principal da sequência parece estar em outro departamento.
Para além de críticas à atriz – em sua maioria relacionadas a comentários negacionistas sobre o COVID-19 – Letitia está como uma luva no papel, o que não quer dizer que tenha o mesmo (tipo de) encanto. Em outras palavras, Wright sustenta seu papel, mas não tem a mesma potência de Boseman.
Wakanda para sempre
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Pantera Negra 2 é o segundo maior filme da Marvel e não é para menos: diante do embaraço deixado pela saudade de Chadwick, os roteiristas tiveram que fazer grandes malabarismos para representar e se adaptar à coroa vacante.
Por longas 2 horas e 41 minutos a narrativa oscila entre muito conteúdo e fanservice. O próprio filme dá a sensação de isolamento do restante do universo compartilhado ao apresentar Riri, que está lá para ser a americana token salvadora, mas que no fim acrescenta quase nada num todo.
Será que Pantera Negra precisava de uma longa introdução dessa nova personagem que, porém, é profunda como um pires? A única explicação razoável é a mercadológica. Em uma das cenas, curiosamente, Okoya aparece falando, sem auxílio de tecnologia, Maia fluente – quando foi que esse intensivo linguístico ocorreu?
Com tanta gente envolvida nesse trabalho multimilionário, o cuidado com o desenvolvimento geral é o calcanhar de aquiles do longa. Aos mais interessados na ação, neste que é o mais político filme da Marvel até então, também há algum desajuste: perdeu-se um pouco do brilho da coreografia, e mesmo as cenas de maior adrenalina pouco empolgam.
“Há de se tirar o chápeu”
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Não há alguém são que possa criticar o trabalho de caracterização de Pantera Negra 2. Continuando o trabalho do 1, o filme é simplesmente um espetáculo e aula de como trabalhar com carinho e primor com aspectos tão negligenciados por algumas obras.
Estudo linguístico? Antropológico? Design e maquiagem? Tudo está na mais perfeita sintonia nessa pequena joia afrofuturista — e agora maiafuturista — que deve fomentar a imaginação de toda uma nova geração de pessoas com o subtexto de esperança e irmandade de Black Panther.
Não há grandes novidades aqui. Para além das paisagens deslumbrantes e o contínuo cuidado tanto no conteúdo quanto no modo de apresentar, a trilha sonora está no ponto. Rihanna está de volta com Lift Me Up, após seis anos de hiato — generosa surpresa que ganha outros contornos com os créditos ao fim.
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