“Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” tem alma, tem beleza, mas falta uma boa trama
Desde que foi lançado pela Marvel, “Pantera Negra” se tornou sinônimo de representatividade para toda uma geração.
O filme trouxe para tela não apenas um herói negro como protagonista, ele trouxe uma nação africana inteira, empoderada e com suas raízes históricas.
Por esse motivo, foi com consternação que o público recebeu a notícia do falecimento de Chadwick Boseman, um herói que se tornou eterno.
Com o legado criado e a perda de Chadwick, “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” veio para dá sequência aos acontecimentos do seu antecessor. Para tal, o filme se entrega ao luto e às questões familiares para trazer um novo enredo e dar protagonismo a quem agora o carrega.
No entanto, discutir temas relevantes e trazer todo o aparato cultural de forma correta, dessa vez não se mostrou o suficiente diante de um roteiro mal construído que entrega um filme de ações rasas e momentos arrastados. Além disso, as motivações para os conflitos são frágeis e mesmo assim são recompensadas com grandes perdas.
A narrativa é iniciada com a perda repentina do rei T’Challa. A partir daí, sem o líder e defensor da nação, Wakanda demostra força através da sua rainha e guerreiras, enquanto o mundo discute e deseja o poder do vibranium. Mas um novo oponente, e que ultrapassa as barreiras de Wakanda, Namor (Tenoch Huerta), surge e Wakanda precisará ser defendida novamente.
Um filme desnecessariamente grande
Ainda que apresente alguns personagens novos, não eram necessárias mais de 2 horas e meia de filme.
A morte de T’Challa fica bem resolvida nos primeiros minutos, e tudo que vem logo em seguida também é bem explicativo, seja o sentimento de perda por parte de Shuri (Letitia Wright) ou Ramonda (Angela Bassett), ou seja nas novas posições de Wakanda sobre a abertura de sua tecnologia para o mundo.
Contudo, quando vai explicar Namor e apresentar seu lado da história, a além de trazer um base preguiçosa, o conflito e dado por algo muito raso e solúvel, que toma contornos gigantescos para dar razão as ações da filme.
Contudo, ainda que arrastado, ao menos existe um amadurecimento e evolução dos personagens. A gente consegue observar Shuri entre muitos conflitos, e toda sua dor e luta geram gatilhos para sua revolta. Enquanto isso, temos Namor como um personagens mais sórdido. Ele luta pelo seu povo, mas engrandece seu ego a todo momento. É um personagem interessante para essa fase nova da Marvel, principalmente se for bem trabalhado.
Continuando com o roteiro, a ação também é problemática. Apesar de cenas esteticamente agraveis, as resoluções de conflitos são ora pouco impactares, ora com cortes brutos e em alguns momentos exageradas. Perde-se também um pouco da riqueza nos detalhes coreográficos das lutas das Dora Milaje.
Visualmente belo e representativo
Com o mesmo aparato do longa anterior, “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” traz figurino, maquiagem e cabelos e toda base estética, seja arte ou grafia, em perfeita comunhão com a África e sua raízes. É ótimo ouvir as músicas, as danças e ver os rituais representados de algumas forma.
Outro fato é que se até aqui essa nova fase da Marvel não agradou muito em relação a efeitos, neste filme não há muito para reclamar. A única cena menos palpável é o nascimento de Namor, um pouco esquisito aquele bebe debaixo d’água. Mas, não existem questões que realmente atrapalhem a trama, como o terceiro olho em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”.
Finalmente, falando o legado do “Pantera Negra” e sua relevância só surge realmente no terceiro ato. Ainda assim há certo ofuscamento e pouco tempo de tela. O confronto com Namor é breve e traz uma estética de plano diferente. É um filme nitidamente de introdução, aqui recebemos uma base do futuro de Wakanda, com a força e o comando das mulheres negras e a proteção da Pantera Negra.
Obs.: O filme tem uma cena pós créditos!
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