Vivemos em um mundo que se modernizou muito rapidamente nas últimas décadas. Desde o surgimento do Planeta Terra, os seres evoluem e passam por transformações. No entanto, se pararmos para pensar em como esse processo se potencializou desde os anos 2000 e em como a tecnologia proporciona uma facilidade de transformação, entendemos como objetos se tornaram tão obsoletos nos dias atuais.
Como diria o filósofo Zygmunt Bauman, estamos cada vez mais considerando como companhia quase humana a presença de tablets, celulares, televisões e computadores. Essa modernização do mundo e, por consequência, das relações, afetou a maneira como a sociedade nos cobra rapidez. A cobrança por velocidade seja no trabalho ou nos relacionamentos interpessoais, é a prova de como os indivíduos não têm mais interesse em produzir algo que demande mais tempo e dedicação.
Claro que não podemos generalizar! E é por isso que o assunto é stop motion.
O stop motion é uma técnica de animação feita quadro a quadro, ou seja, bonecos ou objetos diversos são fotografados com pequenas mudanças, com o propósito de criar movimento. Lembra daquela brincadeira com um bloco de papel, em que a pessoa desenhava um bonequinho com pequenas alterações e depois folheava tudo junto e o bonequinho se movimentava? Então, digamos que esse seja um dos primórdios do stop motion.
Essa sensação acontece por causa da chamada Persistência Retiniana, que é a responsável por provocar no cérebro a ilusão de que algo se movimenta continuamente quando existem mais de 12 quadros por segundo.
Muitos podem não saber, mas esse processo começou bem no início do cinema, com o mágico francês George Méllies . Sua obra prima “Viagem à lua” se tornou um clássico do cinema, em 1902, e o stop motion foi utilizado em uma das cenas icônicas, onde um foguete com tripulantes humanos chega à lua. Ao longo dos anos, a tecnologia permitiu a modernização desse recurso e, atualmente, grandes produtoras de entretenimento utilizam dessa técnica para produzir filmes.
Normalmente, os materiais escolhidos para a construção dos bonecos são a madeira e a massa de modelar, pois são mais resistentes e ao mesmo tempo flexíveis, visto que precisam durar muito tempo para a realização das fotografias e gravações.
No filme “ParaNorman”, por exemplo, foram confeccionados 28 bonecos do personagem Norman de corpo inteiro e aproximadamente 8.800 rostos distintos. Dessa forma, era possível criar em torno de 1,5 milhões de possibilidades diferentes de expressões faciais. Para dar dimensão do detalhismo, em uma cena de 27 segundos, foram utilizadas mais de 250 faces em um só personagem.
“Coraline” foi outro filme realizado dessa maneira e é dos mesmo criadores de “ParaNorman”. Os detalhes da direção de arte, como a textura certa para os cabelos e a produção de roupas de tricô para todos os personagens, demonstra o cuidado e a delicadeza com a criação. Além disso, o filme dirigido por Henry Selick foi o primeiro a utilizar junto com o stop motion, a gravação em 3D. O resultado final foi genial.
Tim Burton também é famoso por recorrer a essa técnica . Um de seus primeiros trabalhos reconhecidos com esse procedimento foi o curta-metragem de terror “Vincent”, seguido de o “Estranho Mundo de Jack”, que foi produzido e escrito por Burton e teve direção de Henry Selick. Mas seu grande sucesso foi com “A Noiva-Cadáver”, que também trouxe o ambiente macabro e de suspense, comum em seus filmes. O filme chegou a concorrer ao Oscar de melhor animação, mas não levou. Enquanto seu último filme de stop motion foi “Frankeweeine”, baseado no curta de mesmo nome realizado em 1984. O longa foi feito todo em preto e branco e em 3D.
Outros nomes também reconhecidos no gênero são “A Fuga Das Galinhas” e “Fantástico Sr. Raposo”.
Essa discussão é necessária porque precisamos valorizar o trabalho longo e minucioso que os produtores de filmes de stop motion realizam. E ajuda a entender como é preciso pensar sobre o tempo que as pessoas dedicam para elaborar uma ideia. O filme de stop motion é a representação de que quanto mais cuidado e tempo for dedicado a algo, melhor será o resultado.
Por Manuella Neiva
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