“Quando a morte conta uma história, é bom parar para ler.” Assim começa dizendo nossa diferente narradora do livro “A menina que Roubava Livros”, escrito por Markus Zusak e publicado pela Editora Intrínseca há exatos 10 anos, tornando-se o topo do best-seller por mais de um ano e alcançando mais de um milhão de vendas.
Esta história nada mais é do que a vida de uma garotinha, que escapou do encontro final com a morte por três vezes.
Tendo como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, viver a aventura deste livro requer que o leitor saiba (um pouquinho que seja) sobre história, mas mesmo assim, para quem não sabe muito, ainda é tempo de descobrir o que foram estes anos terríveis.
Após perder o seu irmão, a garotinha Liesel é deixada por sua própria mãe aos cuidados do casal Hubermann, uma senhora dona de casa mal humorada e um senhor, grande artista, que pintava quadros e tocava acordeom, uma amável pessoa. Ao ser deixada com este casal, a pobre menina, de apenas 9 anos, leva consigo o objeto de seu primeiro roubo, um livro perdido pelo coveiro de seu irmão: O Manual do Coveiro.
Liesel começa a frequentar a escola, lugar em que conhece seu amiguinho Rudy Steiner, que mais tarde passa a ajudá-la roubando livros; outra pessoa com quem faz amizade é o judeu refugiado no porão do casebre, Max Vandenburg, que juntamente com seu padrasto ensina a menina nas leituras. Outra personagem de grande peso nesta história é a mulher do prefeito, Ilsa Hermann, que acolhe esta pequena leitora com carinho, porém sua importância só é percebida ao final.
O preto, o branco e o vermelho. As cores de preferência de uma narradora muito incomum, mas que traz grandes ensinamentos ao leitor.
A Morte, que conta história de Liesel Meminger (podemos ler mais sobre esta personagem aqui), no ambiente gélido da Alemanha nazista, pisoteada por Hitler, nos faz prestar atenção ao significado destas três cores: o vermelho, que representa as guerras, o ódio e ao mesmo tempo é símbolo do sangue que corre nas veias e traz vida; depois o branco, cor neutra e que nos dá paz, e por fim o preto: a escuridão da morte.
Estas cores nos fazem perceber o sentido da Morte, que assim que se apresenta é como o preto, escuro e vazio, trazendo tristeza, mas que a vendo como redentora, pode ser vermelha, trazendo vida e encarando-a desta forma, simplesmente a resumimos no branco, a paz que reina.
Esta personagem, a narradora, que por fim acaba por se confundir, quase sendo a principal da história revela-nos que sua tarefa não é tão fácil quanto nos parece, que também é sofrida a sua missão de ceifar vidas, como ela mesma nos diz de forma bem humorada, mas sem esconder a dura realidade:
“Dizem que a guerra é a melhor amiga da morte, mas devo oferecer-lhe um ponto de vista diferente a esse respeito. Pra mim, a guerra é como aquele novo chefe que espera o impossível. Olha por cima do ombro da gente e repete sem parar a mesma coisa: ‘Apronte logo isso, apronte logo isso.’”
O motivo de a Morte escolher justamente esta menininha para contar sua história não é à toa. Elas tinham muito em comum, o fruto do roubo de ambas era-lhes precioso: uma roubava livros, a outra, vidas. Os livros roubados pela menina eram de uma importância toda singular, afinal de contas, as palavras aprendidas a cada leitura é que eram a sua salvação e escape da tão temida morte.
As personagens que vão surgindo na história são apaixonantes, deixando o leitor a cada linha mais preso à narrativa, esta sensação de apego parece ser um instrumento de tortura da Dona Morte, pois conforme o livro vai findando, o sentimento de não querer que ele chegue ao fim é indescritível, a mesma sensação que temos quando percebemos que a morte está nos rodeando, seja por meio de nossa vida ou de algum ente querido.
Estas mais de 400 páginas se tornam poucas e pequenas diante de tão grande obra de arte que é a história comovente desta garotinha que roubava livros, uma história de morte e de vida, repleta de significados e filosofia, não sendo à toa seu sucesso de vendas, vale a pena conferi-la!
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