“A bruxinha Winnie olhou pela janela e tremeu. Seu jardim estava coberto de neve. Sua fonte estava coberta de neve. Pi gentes de gelo se prendiam nos telhados.
– Estou cansada do inverno – Winnie falou.”
Leia este trecho, mas Leia em voz alta. Leia com ritmo, como se você estivesse dentro da história. Como se estivesse dentro da casa de Winnie, ouvindo a bruxinha reclamar sobre estar cansada do inverno. Então, você verá como é gostoso ler um livro infantil de vez em quando. Não precisa ser para uma criança. Leia para você mesmo.
O bacana da literatura infantil é que a leitura é fácil, rápida e agradável. Assim é “Winnie e o Inverno”, de Valerie Thomas e Korly Paul. Além de ser extremamente divertido.
Por ser uma leitura rápida, fazer um resumo do livro seria quase como dar um spoiler. Mas é possível contar que Winnie não fica parada só reclamando. Ela resolve tomar uma atitude em relação ao seu incômodo. Situações que trazem consequências quase desastrosas para o seu jardim, o que a irrita mais que o inverno. Para o leitor, no entanto, é impossível não achar graça na situação, mesmo ficando com pena da bruxinha.
As ilustrações, que fazem uma mistura de traços simples e elaborados, proporcionam uma visão encantadora que enriquece a história, sem tomar o espaço da imaginação. As imagens funcionam muito bem como uma extensão do texto, a começar pela figura colorida da simpática bruxinha Winnie com seus cabelos desgrenhados, em contraste com um cenário cinzento e cobrando da neve. E por falar em cenário, há uma riqueza de detalhes tão grande que você irá ler o livro inúmeras vezes e sempre será capaz de encontrar detalhes diferentes que não tenha notado. A profundidade da história e até mesmo da personagem se dá muitas vezes através dessas ilustrações. O leitor pode sentir o incômodo de Winnie e se divertir nos momentos engraçados. A simpatia pela bruxinha é inevitável e instantânea, assim como pelo seu companheiro, o gatinho Wilbur, que também não se mostra nada feliz com aquele frio todo.
“Aquelas pessoas entraram no Jardim.”
Sim, Winnie precisa lidar com pessoas (quer dizer, algumas delas são pessoas, não muito normais, mas são pessoas). É também com vampiros, orcs, piratas, outras bruxas, um outro gatinho (que usa um tapa olho e possui um ar encapetado) , e algumas criancinhas endiabradas. Todos entrando sem a menor cerimônia e bagunçando o jardim, com direito a várias pilhas de lixo.
Vê como é fácil se identificar? Afinal de contas, quem nunca se estressou com um bando de pessoas indisciplinadas atrapalhando seu momento de paz e sossego? É claro que Winnie também atrapalhou alguém (que você só vai saber se ler a história). Incomodou e foi incomodada.
A obra não é uma fábula, mas dá para tirar daqui pelo mesmos duas lições de moral. Uma é que para tudo existe o seu tempo. A outra é que tudo tem suas vantagens e desvantagens. E Winnie as aprende. Mas não julguemos, a gente também reclama e se arrepende depois.
Com tanta coisa interessante para se descobrir nesse livro de poucas páginas na sim um conteúdo tão rico, já deu para perceber que literatura infantil não é só para criança né? É como voltar às raízes para reaprender algumas lições e resgatar sua criança interior.
Se você tiver vergonha de pegar um livro para crianças, leia para o filho, para o sobrinho ou afilhado , mas leia porque vale a pena. E leia em voz alta para entrar no clima da história. É se esse clima for frio, não esqueça o casaco de lã, o chapéu as botas de neve, as luvas e o cachecol.
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