A Netflix tem lançado algumas séries de episódios curtos, de fácil absorção e que vem agradando o público como “Special” e “Amizade Dolorida“. A características principal entre estas séries é que todas vão direto ao ponto, não há tempo para enrolar com a história, são poucos personagens centrais, e basicamente os protagonistas são os únicos a ganhar desenvolvimento, os episódios costumam prender o espectador por trazerem reviravoltas ou situações importantes para a história. E o mais interessante para os muitos apreciadores desse formato: você não precisa perder muitas horas para chegar no fim da temporada, a maratona, da série, equivale a um filme de longa duração, ou nem isso.
E a aposta da vez e que acaba de estrear na Netflix é “I Am Not Okay With This”. A série é baseada no graphic novel de Charles Forsman onde a história acompanha a jovem Sydney (Sophia Lillis) que ao mesmo tempo que enfrenta dilemas de uma adolescente que recentemente perdeu o pai, não possui uma boa relação com a mãe e ainda está fazendo descobertas sobre sua sexualidade, tem que aprender a controlar seus super poderes.
É interessante a dinâmica que série implanta, ao mesmo tempo que os personagens são desse nosso universo real, aparentemente eles estão totalmente fora dele. Isso porque não conseguimos definir em que período histórico as ações da série acontecem. Ou seja, é entregue um clima, vestimentas e locações que remetem totalmente aos filmes dos anos 80, enquanto os carros, alguns personagens e ideias estão completamente dentro do tempos atuais – há por exemplo uma citação ao Instagram por um dos personagens – no entanto, não vemos nenhum deles usando um smartphone ou um computador moderno.
O personagem Stanley Barber (Wyatt Oleff) é a personificação de toda ambientação e clima inserido para série. Ao mesmo tempo que suas vestes soam cafona, ele é uma central de referências, seja quando pega revistas em quadrinhos, quando canta em frente ao espelho (em uma cena que relembra Tom Cruise em “Negocio Arriscado”), ou em suas vestimentas que podem ter vindo de qualquer clássico dos anos 80 como “Clube dos Cinco” ou “Curtindo a Vida Adoidado”. E as referencias a esses últimos fica ainda mais clara quando se reúnem Sydney, Stanley e Dina. Em momentos também somos levados ao terror clássico, como a clara homenagem a “Carrie: A Estranha”.
Outra coisa que insere muito o clima na ambientação da série é o filtro e a paleta de cores usada. Os tons mais pasteis e menos vivos, com um uso predominante do azul, rosa e amarelo, remetem completamente ao filmes antigos, instigando a nostalgia no espectador.
A história de “I Am Not Okay With This” é agradável, contudo, nessa primeira temporada serve mais para apresentar os personagens e o mundinho dos mesmos do que apresentar alguma razão ou explicação de ser. Isso em si não e ruim, já que você não perde muito tempo acompanhando, mas toda a sequências de fatos na primeira temporada só ganhará relevância realmente a partir da segunda, quando devemos ter mais respostas – já que um grande gancho é criado no episódio final.
O trio de protagonista é bastante carismático, o que torna a série ainda mais agradável. E, nesse ponto vale destacar principalmente Wyatt, que é despojado e o alívio cômico, e aparentemente está bem confortável com isso. Enquanto Sophie Lillis possui uma carga mais dramática e ainda que vá bem, é quando sua personagem está com Wyatt que as situações são melhores.
A questão dos super poderes da protagonista é apenas um detalhe em construção nessa primeira temporada. Ele não é muito explorado, mas algumas dicas sobre o que está por vir são dadas. Enquanto isso, a questão da descoberta sexual de Sophie é mais abordada, o dilema que ela vive em alguns momentos ganha tons dramáticos, em outros cômicos, mas é sempre tratado com empatia e naturalidade pelo roteiro.
No final, a série deixa um gostinho de quero mais, não apenas por ser curta, mas também porque muitos pontos ficam em abertos para serem desenvolvidos na próxima temporada.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Netflix
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