Após o sucesso de crítica e público do filme “Garota Exemplar”, em 2014, Hollywood passou a ver a roteirista e autora do livro homônimo, Gillian Flynn, como um tipo de galinha dos ovos de ouro. Em 2015, depois do fracasso de “Lugares Escuros”, filme baseado em outro de seus livros, mas que ela não roteirizou, a escritora ganhou a atenção dos canais de tv, assim, a HBO nos traz “Objetos Cortantes”.
Baseado em um livro de 2006, a série nos traz a história de Camile Parker (Amy Adams) que viaja para sua cidade natal, Wind Gap, para relatar o assassinato brutal de uma jovem. Então, cheia de traumas e recordações, Camille se vê em conflito com sua mãe, Adora (Patricia Clarkson) e seu passado na cidade.
O diretor da série, Jean-Marc Vallée (“Big Little Lies” e “Clube de compras Dallas”), opta, no primeiro episódio, por investir não na apresentação do mistério, e sim no psique das personagens. E ele faz da melhor maneira possível; mostrando-as em coisas mundanas (diversas vezes acompanhamos Camile ouvindo música ou enchendo suas garrafas), o que é ótimo para a construção, mas pode acabar sendo visto por espectadores menos atentos, como chato ou desinteressante.
Outra vantagem dessa abordagem é o espaço que as atrizes tem para criarem suas personagens através de não apenas dos diálogos, mas de reações espontâneas. Patricia Clarkson, entrega uma mulher amargurada e ao mesmo tempo temerosa, que se por um lado não convida à filha mais velha para entrar em casa – reparem nas expressões dela durante a cena – por outro mantém a mais jovem como uma boneca de porcelana, presa em casa. Amy Adams dá um show a parte, gerando vida a uma personagem quase apática, uma característica que também é muito bem realçada pelo figurino. É incrível a riqueza de sentimentos que ela consegue empregar mesmo tendo que limitar suas expressões.
A direção sem pressa de Vallée é complementada por uma excelente direção de arte, que cria ambientes muito sugestivos aos personagens que neles habitam, usando luz e sombra – notem em como a casa de Adora é mergulhada em sombras mesmo em cenas diurnas -, complementados pela montagem que transita em passado e presente de uma maneira fluida, criando uma atmosfera quase devaneante para a série.
Intenso e cru, o primeiro episódio apresenta um drama psicológico que flerta com o estudo de personagem. Uma das séries de maior potencial desse ano.
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Excelente crítica! Adorei esse novo crítico ❤
Excelente crítica, parabéns pelo trabalho.