Longa de Marcelo Antunez humaniza o apresentador e mostra outras facetas de Silvio Santos
“Silvio”, dirigido por Marcelo Antunez, narra um dos momentos mais marcantes na vida de Senor Abravanel, mais conhecido como Silvio Santos. O filme aborda o sequestro que abalou o apresentador em 2001, focando no drama pessoal e na luta para proteger sua família e seu legado. Enquanto o país acompanhava com aflição os desdobramentos desse crime, o filme tenta trazer à tona a figura humana por trás da lenda, explorando a dualidade entre o apresentador que marcou a história da televisão brasileira e o homem comum. Contudo, essa interessante premissa enfrenta alguns desafios na execução.
A produção do longa se inclina mais para o gênero de ação do que para uma cinebiografia tradicional, uma escolha que, à primeira vista, parece ousada. Ao invés de se concentrar em traçar toda a trajetória do icônico apresentador, o filme se dedica a retratar o episódio do sequestro com elementos de suspense e drama. Roberto d’Avila e Suraia Lenktaitis, são dois dos nomes por trás da produção que tentam criar algo decente, porém alguns aspectos técnicos e narrativos acabam prejudicando o impacto final da obra. Apesar dos momentos de tensão, há uma sensação de que o filme poderia ter aprofundado mais suas complexidades.
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O roteiro de Anderson Almeida tenta capturar esse momento delicado da vida de Silvio Santos, mas falha em alcançar um desenvolvimento pleno. A narrativa não-linear poderia ser interessante, mas acaba sendo mal estruturada, resultando em personagens pouco profundos e diálogos que não correspondem à magnitude dos acontecimentos. Apesar disso, o contraste entre Silvio e seu sequestrador, Fernando, traz à tona uma interessante reflexão sobre dois homens com vidas e dores distintas, mas que, de alguma forma, se complementam. O filme tenta explorar a vida de Silvio em flashbacks, mas as transições não fluem com naturalidade, dificultando a conexão com o público. Ainda assim, o longa consegue capturar elementos-chave da jornada de Silvio, desde sua adolescência como camelô até a criação do SBT.
A direção de Marcelo Antunez faz um esforço notável para equilibrar drama e ação, mas enfrenta desafios ao contar uma história tão rica e emocional. A tentativa de humanizar Silvio Santos, mostrando o lado menos conhecido de Senor Abravanel, é louvável, porém a narrativa vacila em momentos cruciais. Antunez extrai boas performances do elenco, mas falta coesão entre o drama pessoal e os momentos de ação, deixando a sensação de que a história merecia uma abordagem mais profunda.
No que diz respeito ao elenco, Rodrigo Faro se esforça ao interpretar Silvio Santos. Inicialmente, sua escolha pode causar estranhamento, mas conforme o filme avança, Faro consegue capturar a essência do apresentador, especialmente em sua postura mais reservada e introspectiva. Adriana Londoño como Íris Abravanel oferece uma interpretação sincera e comovente, enquanto Ana Paula Lopez, no papel de Cíntia Abravanel, entrega momentos emocionantes. Johnnas Oliva, interpreta Fernando e traz uma interessante dualidade de fragilidade e força. Duda Mamberti, como Manoel de Nóbrega, numa tocante interpretação, mostra delicadeza e verdade em sua amizade com Silvio.
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A fotografia de Uli Burtin, infelizmente, deixa a desejar em muitos aspectos, contribuindo para uma estética mais amadora. Por outro lado, o figurino de Francine Marson e a direção de arte de Antônio de Freitas são pontos altos, retratando com precisão as diferentes épocas e estilos que marcaram a vida de Silvio Santos. O visual do protagonista amadurece ao longo do tempo, culminando no icônico terno com o microfone no pescoço, uma marca registrada de Silvio. No entanto, a caracterização física de Rodrigo Faro como Silvio peca em vários momentos, principalmente no uso de maquiagem e perucas visivelmente artificiais.
A edição de Renato Lima também não contribui para a fluidez da narrativa. Em um filme que depende de uma linha do tempo não-linear, a edição falha em conectar os eventos de maneira coesa, resultando em uma experiência um tanto confusa.
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“Silvio” é, em última análise, um filme que busca humanizar um ícone da televisão brasileira, abordando temas como família, gratidão, fé e legado. A obra resgata a memória afetiva de muitos que cresceram assistindo Silvio Santos, mas deveria ter sido vendida mais como um drama de um momento pessoal do que como uma cinebiografia clássica. Embora tenha méritos em sua proposta, falta coesão e profundidade para fazer jus à grandeza de seu personagem central.
Veja aqui o vídeo com uma segunda opinião de outro crítico de nossa site.
*Imagem Destacada: Divulgação/Imagem Filmes
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