Isso? Isso é só um corpo.
Que por algum motivo bobo,
foi considerado apenas um engodo.
A falta do falo nos faz menor,
a falta do pênis nos torna inferior.
Por não ter uma pica, nos assediam,
por não ter uma vara, nos subjugam,
por não ter um piru, acham que tem direito,
de tratar toda mulher com desrespeito.
Será que o “problema” somos nós?
Ou tem algo ai dentro de você que é tão atroz?
E que esta tão mal resolvido,
que o torna irracional homem querido.
Enquanto isso você se cala!
E se nós resolvêssemos sair por ai em bando,
reproduzindo com você, tudo que há de mais desumano?
Certamente seriamos enjauladas,
esquecidas em um presídio sujo,
com uma escolta armada.
E se uma dessas mulheres,
que você abusa todo dia,
fosse sua mãe, sua irmã, sua avó ou sua filha?
A tua inocência te faz imaginar,
que é o único doente a assediar.
Mas o mundo é um lugar tão grande,
que você nem iria acreditar,
na quantidade de seres como você,
que estão nele a se espalhar.
A diferença entre eles e você,
é apenas uma questão,
é que com as suas mulheres queridas,
vínculo algum eles não tem não.
E eles vivem por ai,
seguindo a cartilha do machão.
Sem pudor, sem medo, sem vergonha e sem repressão.
Fazendo o que bem entendem,
sem a menor preocupação
Enquanto isso você vira a cara!
Sua mãezinha, sua irmãzinha, sua filhinha, sua namoradinha,
não importa quem elas são.
Para eles são só bocetas,
que devem estar a sua disposição.
Já pensou que bacana seria?
Eu não acho bacana, não!
Não poder vestir o que eu quero,
por que um cara pode não resistir a “tentação”
e resolver saciar seu ego.
Não curto ouvir cantadas ofensivas,
enquanto caminho pela rua,
nem sentir medo e ter que me esconder,
desses cretinos filhos da puta.
Não curto odiar meu corpo,
por que chama atenção demais,
apenas pelo fato de eu ter seios
e uma xoxota de satanás.
Não acho engraçado ter que me anular,
por que a “humanidade” resolveu não mais pensar,
preferem me ver como crime,
ao invés da sua doença tratar.
Enquanto isso você nada faz!
Vivenciar diariamente,
o fato de os mesmos direitos não ter.
Como se ter um pau fosse sinônimo,
de toda grandeza e poder.
Pleno século XXI e ainda não aprendemos a raciocinar.
Estamos retrocedendo nossa humanidade,
até ao pó voltar.
Enquanto isso você só observa!
Todo dia alguma morre,
todo dia alguma sofre,
todo dia alguma berra,
todo dia alguma se ferra,
todo dia, todos os dias, todos!
Mas vamos vivendo de pão e circo,
enquanto abafamos todo esse grito,
da garganta de uma desgraçada,
que desde o nascimento foi condenada,
a padecer no paraíso,
e ser subjugada sob risos.
Enquanto isso você se torna refém!
Engole o choro mulher,
você foi feita pra isso:
Lavar, passar, cozinhar.
Da casa e dos filhos cuidar.
Mas olha, não esquece não,
que de noite ainda tem o paizão,
pra alimentar e satisfazer,
até Ele não mais querer.
E querida, não liga não,
se em um monte de outras ele passa a mão.
A você cabe aceitar,
como a Amélia trabalhar,
sem nunca se esquecer,
de quem é o poder.
Enquanto isso você se machuca também!
A menina já nasce assim,
esse é seu destino,
esse é o seu fim.
Isso, é o que nos fizeram acreditar,
e o pior é que tem mulher,
que escolhe essa porra aceitar.
Nos juntamos ao machismo,
propagamos e fazemos crescer,
sem perceber que no final das contas,
somos nós mesmas que vamos perder.
Humanidade, cadê você?
Respeito, cadê você?
Sororidade, cadê você?
Mulher, cadê você?
Nós? Nós somos só mais uma estatística.
Uma jovem, jogada em qualquer vala.
Uma senhora, sendo arrastada em um carro pendurada.
Uma menina, pelo pai sendo estuprada.
Pelo tio, subjugada.
Pelo irmão, insultada.
Por um vizinho, ou outro homem próximo, sendo empalada.
Uma mulher, em casa, em uma ruela ou onde o “macho” quiser,
sendo espancada.
Só mais uma estatística… Só mais uma… Só.
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