O rock gaúcho que ganhou o Brasil
Lá por 2003 fui apresentado a uma banda que no início não dei muita importância. Mas, ao ouvir pela primeira vez o grande hit deles do momento, foi algo mágico. A música era “Me odeie”, que fazia parte do álbum “Neural”, lançado em 2002. Cada letra, cada palavra fazia parte de um contexto, de algo que foi vivido através do seu vocalista, Jonathan Corrêa.
Com um rock pesado e com uma letra romântica e real, a banda “Reação em Cadeia” tem em suas composições as vivências pessoais de Jonathan, que favorecem as suas interpretações repletas de sentimentos e que não encontram limites em função do seu poder de voz.
É engraçado como depois disso, cada música parecia fazer parte da minha própria vida, como se eu tivesse vivido aquilo que ela estava passando. Talvez por eu ser (ou pelo menos era) romântico, ou talvez por querer viver certas situações que apenas quem se apaixona vive, a banda Reação começou a fazer sentido pra mim. Cada nova canção descoberta era o início de algum sentimento para levar a algum relacionamento que eu começara. E era bom isso. Eu gostava de juntar o som pesado do rock com aquela letra melancólica junto a um novo namoro, pois isso gerava uma história de amor repleta de boas recordações. Ou um sentimento de perda e depressão no pós-término. Ainda assim, a música deles me desperta até hoje um misto de saudade daquela época com as grandes histórias de amor que vivi ao som do Reação em Cadeia. Não só eu como milhares de fãs que eles conquistaram. E os seus shows sempre lotados fazem com que o público cante junto cada um de seus sucessos.
Mas pra quem não sabe de quem estou falando, vou contar um pouco dessa banda tão significativa para o cenário do rock gaúcho: Reação em Cadeia é uma banda brasileira de rock formada em 1996, na cidade de Novo Hamburgo. Foi fundada por Jonathan Corrêa (voz e violão), Daniel Jeffman (guitarra), Marcio Abreu (baixo) e Nico Ventre (bateria). No Rio Grande do Sul e mesmo no Brasil, a banda é um fenômeno por uma simples razão: não há similares para o som que fazem, nem em Porto Alegre. Contemporânea do estilo pós-grunge (um dos nichos do chamado “novo rock”, que foi buscar elementos na vertente de Seattle), do qual o Creed, o Nickelback e The Calling são grandes nomes, a Reação em Cadeia é representante original desta cena por aqui.
Como mencionei anteriormente, o primeiro grande sucesso foi “Me Odeie”. O single obtém uma excelente repercussão no sul, o que resulta a assinatura da Reação em Cadeia com o selo Antídoto, por onde é lançado o álbum de estréia da banda chamado Neural (2002). Desde o início, ficou claro que o grupo, com influências do grunge de nomes como Stone Temple Pilots, Silverchair e Pearl Jam, sempre primou pelo cuidado e pela excelente qualidade técnica da sua gravação. As letras cantadas em português traduzem as vivências pessoais do vocalista Jonathan Corrêa e acabaram por dar uma cara própria ao grupo. O álbum Neural foi embalado pela faixa “Me Odeie” que já estava rolando nas rádios, através de um single.
Além dela, as faixas “Eu não pertenço a você” (que também emplacou nas emissoras roqueiras do sul), “Espero”, “Neurose”, “Até Parar de Bater” e “Letargia” contribuem para a vendagem incrível de 70 mil discos, um feito fantástico para um lançamento de estréia de um conjunto fora do mainstream. Diante da excelente performance musical, a Reação em Cadeia passou a ultrapassar as barreiras do sul do Brasil, através de shows em outros estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Em 2003, a Reação em Cadeia lançou o clipe para “Me Odeie” e o sucesso da canção chegou à televisão. Para tanto, ficou entre os cinco finalistas do Prêmio Multishow na categoria “Revelação Grupo”.
O segundo trabalho da Reação em Cadeia foi lançado em abril de 2004. Sob o título Resto, o álbum vende mais de 30 mil discos em pouco mais de uma semana do seu lançamento. Como no disco anterior, a fórmula de mesclar guitarras arrastadas do grunge com letras melancólicas inspiradas nas experiências emocionais do vocalista Jonathan é mantida para a alegria dos fãs. Como no trabalho anterior, Resto também obtém uma ótima performance, graças a canção “Estou Melhor”, que também emplacou nas emissoras de rádio do sul do país, ao lado da balada “Quase amor”. Apesar da ótima fase, poucos meses após o lançamento de Resto, o baterista Nico Ventre e o baixista Márcio Abreu deixam a banda por divergências musicais. Mesmo diante da enorme baixa na formação, o conjunto da continuidade as suas atividades e chama Elias Frenzel e Mauricio Faria para assumirem as vagas, respectivamente. Superadas as dificuldades, a Reação em Cadeia participou no ano seguinte do maior Festival de Música Independente do Brasil, o Porão do Rock, que também trouxe atrações de peso como Pitty, Luxúria, Los Hermanos, Barão Vermelho, Ratos de Porão, Dead Fish, Pato Fu, dentre outros.
Em 2006, a Reação em Cadeia lança seu terceiro trabalho, Febre Confessional, pela gravadora Deckdisc. O álbum, que contou com a produção de Rafael Ramos (um dos maiores produtores nacionais e que já trabalhou com nomes de peso como Dead Fish, Pitty e Matanza, dentre outros). O som deste novo álbum é pesado e suicida, bem distante dos dois primeiros trabalhos, Febre confessional é um lamento, quase como um pedido de ajuda do vocalista Jonathan, um grito na escuridão. As várias canções do álbum falam de despedida, separação, depressão e morte. O próprio Jonathan revela anos depois que as canções eram reflexo do estado mental depressivo em que se encontrava e que jamais voltaria a gravar sons parecidos. O álbum teve como grandes sucessos as músicas “Os Dias”, “Perdi Você” e “G. A. B. I.”. Um tempo depois do lançamento do Febre Confessional o baterista Elias Frenzel sai da banda e no lugar entra Vinicius Bondan.
Em 2007 lançam o single de Serenade. Com essa nova música, Jonathan demonstra que o período depressivo acabou. O lado B deste single foi “Quase Sem Querer”, um cover da Legião Urbana muito bem executado pela banda.
No segundo semestre de 2007 a banda anuncia a gravação de seu primeiro DVD e no mesmo ano entra na banda um novo integrante, o tecladista Daniel Hanauer. As gravações do DVD ocorreram nos dias 12 e 13 de março de 2008 no Bar Opinião em Porto Alegre). Lançaram em 2009 o DVD Nada Ópera? gravado em Porto Alegre, que reuniu os maiores sucessos dos três primeiros álbuns e a inédita Vivendo e aprendendo gravada em estúdio.
Em 2011, lançaram o 4º CD, intitulado Enfim Dezembro. Neste álbum a Reação em Cadeia faz um som mais voltado para os violões e para um som mais pop rock. Destacam-se Entre teus dedos e Quando a chuva cai. Sucessos comprovados em todas as rádios da região sul.
Em meados de 2012 é lançada virtualmente a canção Aquele que tudo venceu, uma balada mais pop e com ela a notícia que poucos esperavam: no final de Novembro de 2012 os fãs se surpreendem com uma carta aberta de Jonathan no site da Reação em Cadeia. Nesta carta ele agradece aos músicos que seguraram a banda junto com ele desde o quase fim da banda em 2004 e anuncia férias por tempo indeterminado.
Em 2013 é anunciado a volta da Reação em Cadeia com sua formação original para apresentação especial no Planeta Atlântida em comemoração aos 10 anos da banda. Entre maio e junho de 2013 a banda decide novamente mudar a formação, por divergências entre os integrantes da formação original, portanto Marcio Abreu e Nico Ventre saem novamente da banda, dando lugar ao retorno de Elias Frenzel na bateria e um novo integrante: Tiago “Chino” Medeiros, assume o baixo na REC, se juntando a Jonathan Correa e Daniel Jeffman, que são considerados pelos fãs como a espinha dorsal da banda. No mesmo ano a banda acaba lotando por duas vezes o famoso “Hangar 110” casa clássica da cidade de São Paulo, e grava o webclipe para a música “Dezembro” do disco lançado em 2010 “Enfim Dezembro”.
Em 7 de abril de 2014 lançam o single “Sete Luas”, juntamente com o videoclipe gravado no deserto de Lancaster, na Califórnia, nos EUA, música e clipe produzidos por Juliano Cortuah, responsável inclusive por diversas trilhas sonoras da Rede Globo.
Com um grande catálogo de hits, centenas de shows no currículo e um fã clube dos mais devotados, a Reação em Cadeia volta com tudo em 2016! E para comemorar sua trajetória, a banda lançará o show “Acústico – 15 anos”.
Por: Rodrigo Zingano
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