A franquia “Carros” sempre surpreende. O primeiro filme parecia ter sido lançado apenas para vender carrinhos de brinquedo, mas foi muito além disso, trazendo uma história emocionante com uma bela mensagem. “Carros 2” surpreendeu também, mas não de maneira positiva… Não chega a ser insuportável, afinal, é Pixar! Mas, deixa muito à desejar, sendo um dos mais fracos do estúdio, talvez por ter tentado apresentar Mate, um personagem adorável, como um protagonista, fazendo com que em alguns momentos o público se canse de suas piadas (fato parecido aconteceu com Procurando Dory). Agora temos “Carros 3”, que promete surpreender em vários sentidos, e em todos eles de maneira positiva!
Relâmpago McQueen está de volta onde mais ama, competindo nas pistas. Tudo vai bem, às vezes vencendo, às vezes perdendo, ele e seus rivais são amigos acima de tudo, e para eles o importante é realmente competir. Mas isso está pra mudar com a chegada dos carros da nova geração, com tecnologia avançada e com os quais o grupo de McQueen não consegue mais competir. Estão ultrapassados. Alguns se aposentam, reconhecendo que não conseguem mais acompanhar o ritmo, outros são demitidos para serem substituídos pelos novos modelos, mas Relâmpago não quer isso. Ele quer decidir por si mesmo quando deve parar, diferente de seu mentor, Doc Hudson, que foi forçado a isso.
Na tentativa de conseguir alcançar o ritmo da nova geração, Relâmpago terá equipamentos de capacitação dos mais modernos existentes, adquiridos por seu novo patrocinador Sterling Silver, mas terá que se submeter à Cruz Ramirez, uma jovem treinadora muito disposta, mas bem distante da realidade de McQueen, pois enquanto ela é totalmente favorável aos avanços tecnológicos e à realidade virtual, ele prefere treinar “sujando os pneus” em terra de verdade. Muitas surpresas aguardam o nosso protagonista nessa jornada e enquanto ele aprende nesse percurso, muitos temas para reflexão nos são apresentados.
Os personagens de Radiator Springs têm uma participação bem menor dessa vez já que a trama tem o foco maior em Relâmpago e Cruz. Dos moradores da cidade, só temos um tempo maior na tela com Luigi e Guido, que dão suporte ao McQueen em seu treinamento. Mate está engraçado como sempre e personagens como Fillmore e Sargento quase não aparecem, o que é uma pena, pois os dois juntos sempre resultam em cenas memoráveis. O humor está presente em quase todo momento, na medida certa, sem exageros.
Para os que acharam que Doc Hudson merecia uma atenção maior em “Carros 2”, ficarão felizes com o tratamento que o personagem recebeu nesse último filme. É preciso lembrar que em 2008 tivemos a triste notícia do falecimento de Paul Newman, dono da voz do personagem na versão original (aqui no Brasil seu dublador no primeiro filme foi o ator Daniel Filho). Os fãs do personagem se emocionarão em dobro se assistirem “Carros 3” na versão original, pois ele está com a voz de Paul Newman. “Como assim?” você pode perguntar… Simples! A Pixar tinha horas de diálogos gravados com o ator e que não foram utilizados no longa de 2006, e nessa nova produção puderam aproveitar esse material. Ainda sobre o “Fabuloso” Hudson Hornet, a relação entre ele e seu discípulo Relâmpago McQueen é um dos principais pontos da trama, revelando mais sobre os dois personagens em cenas realmente tocantes. Falando em retorno de personagens, o principal vilão do primeiro “Carros” está de volta, Chick Hicks, mas dessa vez apresentando um programa de TV (e sempre querendo humilhar seu antigo adversário, óbvio!).
O filme tem um bom ritmo, e é sua maior vantagem em relação ao seu antecessor. A cena inicial já tem potencial para levar muitos às lágrimas nos primeiros minutos do filme, sobretudo para aqueles que assistiram quando criança. Você perceberá uma semelhança entre momentos desse filme com “Toy Story 3”, no sentido de ter aquele aperto no coração por sentir que estamos presenciando um ponto de mudança sem volta. Andy cresce e amadurece, assim também é com McQueen. Após passar essa emoção inicial, o filme começa a “derrapar” um pouco, mas não demora para prender novamente sua atenção com uma reviravolta no roteiro e te levar para um final maravilhoso e inesperado.
Como já dito antes, há muitos temas para reflexão no filme. O respeito pelas gerações anteriores, como nos adaptamos em um mundo em constante mudança e onde essas mudanças são rápidas como os carros disputando a Copa Pistão, mas entre tantos temas, um merece destaque: Não esperávamos ver em “Carros 3” uma menção ao machismo. Sim, ele existe e os roteiristas quiseram, através da personagem Cruz Ramirez, expor isso para o público. De maneira sutil, eles mostram que o sonho da treinadora era estar nas corridas, e não apenas capacitando outros corredores, mas que a falta de encorajamento de todos os lados, incluindo sua família, fizeram com que ela ignorasse seu sonho para se adequar aos padrões impostos pela sociedade. O desfecho dessa história é lindo e reforça: Lugar de mulher é onde ela quiser!
A dublagem… Já estamos acostumados com a Disney trazendo para o elenco YouTubers, apresentadores, atores famosos que não são exatamente dubladores, mas em “Carros 3” isso não incomoda como em outros casos (só para citar um clássico: “Enrolados”. Luciano Huck como Flynn Ryder é de amargar…). A direção foi muito competente e mesmo os que não estão acostumados a dublar, fizeram um bom trabalho. Os Youtubers Rezendeevil e Nah Cardoso fazem personagens menores, assim como Barrichello, e todos eles fizeram um trabalho razoável. O maior destaque entre os “famosos que dublam” foi Giovanna Ewbank, que emprestou sua voz para Cruz Ramirez. É nítido que a atriz e apresentadora ainda não tem a desenvoltura dos dubladores veteranos. Os mais exigentes podem reclamar, mas para ter pego uma das maiores personagens do longa e conseguir o resultado que obteve, seria injusto não considerar um bom trabalho.
Muito bem, aqui foram apresentados motivos de sobra para você conferir essa nova animação da Pixar nos cinemas! Um bom roteiro, a volta de personagens que todo mundo ama, um resgate do lado emocional existente no primeiro filme, tudo isso faz com que “Carros 3” seja uma ótima opção para ver e rever com a família nessas férias! E cheguem cedo, pois o curta LOU, exibido antes do longa, é imperdível, e te fará ficar com os olhos marejados antes mesmo do Relâmpago McQueen aparecer na tela! Ka-chow!
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“fazendo com que em alguns momentos o público se canse de suas piadas (fato parecido aconteceu com Procurando Dory).”
O que você quer dizer com isso ? Agora fiquei com vontade de ler uma resenha sobre o filme Procurando Dory.
Opa! Basicamente é o seguinte… Dory é uma personagem muito engraçada e uma das mais queridas do primeiro filme, porém, as situações cômicas geradas por sua falta de memória cansam na sequência, forçaram a barra demais! Isso geralmente acontece quando coadjuvantes são colocados no lugar de protagonistas, onde não funcionam tão bem, já que não foram criados com esse propósito. Outro exemplo são os Minions da franquia Meu Malvado Favorito! Mate é um ótimo personagem, no primeiro filme, nos curtas e no terceiro, mas em Carros 2, as piadas frequentes envolvendo seu jeito caipira e sua ingenuidade chegam a cansar (minha opinião, claro!) É isso aí, mais pra frente faço uma sobre Procurando Dory sim, Jon! Abraço!
O crítico é condescendente demais com a PIXAR/DISNEY, talvez pelo fato de ser fã ou coisa assim. Carros 3 é um “caça-niquel” (aqui no caso níquel de bilhões), tecnicamente OK mas muito muito fraco. Até meu filho de 5 anos e seus amiguinhos-fãs se decepcionaram com o texto horroroso, ausência de personagens, dublagens canhestras.
Crítica Odara
Puxa, uma pena que crianças de 5 anos não tenham conseguido aproveitar um filme com tantas mensagens positivas, ainda mais sendo fãs dos personagens. Nas sessões em que participei as crianças adoraram. Bom, vamos lá:
1 – Sou fã da Disney/Pixar realmente, mas quando eu não gosto deixo claro e explico o porquê, como no caso de Carros 2. Se fosse esse o filme em questão eu concordaria com seu comentário, no caso do último filme não concordo, achei sim uma ótima maneira de encerrar a franquia. Agora, sobre ser um “caça-níquel”, qual das animações dos grande estúdios não é? Toy Story 4 vem aí, tenho certeza absoluta quer é o caso, mas ainda acho que pode ser um bom filme mesmo assim.
2 – Sobre o texto horroroso e a dublagem, anos atrás haviam trabalhos desprezíveis que eu não conseguia assistir na versão brasileira, já que chamavam “famosos” justamente para o filme ganhar atenção na mídia. De alguns anos para cá, não temos mais o risco de ter essas catástrofes pois a maioria dos estúdios fazem testes com as pessoas que são cogitadas para a dublagem antes de confirmar seu nome no elenco. Se percebem que não há direção que resolva, não se coloca. Críticas que vi em relação ao Rubinho, por exemplo, no original o personagem também é dublado por um piloto e não por um ator, ou seja, ele foi apenas ele ali, como esportista, assim como o original. Se não há grandes elogios a serem feitos para a dublagem, também não vejo razões para depreciação.
3 – Sobre a ausência de personagens, Carros é uma das franquias que mais tem personagens entre todas elas, eu mesmo senti falta de mais tempo na tela com Sargento e Fillmore, mas entendo que se fosse dar espaço para todos ficaria enorme e cansativo. Trazer o Chick Hicks já foi uma ótima ideia!
Bem, essas são as minhas explicações, agora entendo que gosto é gosto, inclusive para crianças, já que vi algumas saindo no meio de “O Rei Leão”, considerado por muitos uma das melhores produções Disney, por acharem “sem graça”. De qualquer forma, agradeço seu comentário, me permitiu explicar melhor cada um dos pontos que elogiei, ainda que não concorde com minha crítica.