Além da Segunda Guerra: Nazismo e Fascismo pelas lentes do cinema
Falar sobre Segunda Guerra Mundial e nazismo é um trauma que todos, com parentes afetados, temos que lidar enquanto humanidade. Separamos 8 filmes, com diferentes abordagens, para relembrar para jamais esquecer; em momentos de crise, movimentos de cunho fascista se aproveitam da fraqueza da população.
Não nos pretendemos a limitar o entendimento desses termos a uma definição compacta, visto que há pesquisadores que dedicam suas vidas investigando o tema. Isto não quer dizer que não exista forma de definir o que é o nazi-fascismo. Este não é um fenômeno isolado e, como argumentado por alguns dos longas dessa lista, é necessário não apenas ser combativo com os termos e palavras, mas reconhecer quando esses discursos ganham corpo na mídia. De toda forma, julgamos importante deixar, através de uma entrada de dicionário, uma definição inequívoca sobre a palavra fascismo.
“Corrente política extremamente reacionária que expressa os interesses das esferas mais agressivas da burguesia imperialista, como a ditadura terrorista do capital monopolista, a qual se caracteriza pelo chauvinismo extremo, pelo racismo, pela abolição das liberdades democráticas, pela preparação e desenrolar de guerras de agressão.”
Dicionário Bararan Online, traduzido do armênio por nós
A Vida É Bela (1997)
Falar de filmes de Segunda Guerra é lembrar de “A Vida é Bela”, um drama em que pai e filho, judeus, vão parar em um campo de concentração alemão, ao que o pai inventa uma série de mentiras para o filho para não o assustar, fazendo-o crer que tudo não se passa de um jogo em que ele deve performar uma série de tarefas.
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Mesmo que isso lhe seja também muito doloroso, é um registro ficcional do quão longe se pode ir para proteger aqueles que se ama. O autor, que também é um dos protagonistas, Roberto Benigni, não é um judeu, e procurou retratar com cuidado, consultado um centro judaico ao longo da produção, para não ser desrespeitoso com esse trauma irreparável. Não obstante, o filme é uma obra de ficção e possui incongruências históricas não sutis, como o resgate ao fim ser feito pelos americanos — o que não o invalida, e torna mais interessante a tarefa de pesquisar a história real.
O Mar e o Veneno (1986)
A derrota do Império Japonês marca a derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial, mas pouco se fala sobre os crimes de guerra cometidos pelos japoneses, sobretudo em autocrítica.
“Umi to Dokuyaku” é uma peça rara ambientada no Japão imperial, em que médicos nipônicos realizam experimentos com prisioneiros de guerra estadunidenses. Espere as maiores atrocidades assistindo esse longa que, ao visceral que seja, é apenas um vislumbre das atrocidades cometidas pelo país durante a 2ª guerra — e das quais segue não apenas negando, mas assediando jornalistas e historiadores que questionem a versão oficial.
Pinóquio por Guillermo del Toro (2022)
Geppetto, um artesão de madeira, perde seu filho durante um bombardeio de forças inimigas na Primeira Guerra Mundial. Anos mais tarde, bêbado, usa a madeira da árvore que nasceu do túmulo de seu filho para criar um boneco; ele pede um milagre, e a Fada Azul o concede: a marionete se transforma em um garoto de madeira, Pinóquio.
Del Toro é uma mente como poucas e que temos sorte de ter produzindo coisas tão fantásticas. O primor de sua adaptação de Pinóquio é a sutileza para tratar de temas universais e sem recorrer a copicola. Ao contrário do conto de fadas, o protagonista não vence pela sua obediência — o que, em um filme sobre Segunda Guerra, ganha outras camadas — mas pela rebeldia; sua existência é pura subversão.
Aqui, Pinóquio vai em busca de se tornar um menino de verdade, só para Geppetto descobrir que é ele quem deve aprender a se tornar um bom pai e aceitá-lo. A figura do artesão se opõe diretamente a do líder fascista Benito Mussolini, que quer controlar Pinóquio e transformá-lo em arma de guerra — da mesma forma que aparelha educação para promover todos seus desmandos.
Este pode não ser o primeiro filme que se pense para falar sobre a questão, mas uma obra de escolhas muito inteligentes e que, com diferentes camadas de subtexto, há de agradar tanto adultos quanto crianças.
A Lista de Schindler (1993)
Com a expansão Alemã até a Polônia, judeus poloneses se veem vivendo em condições degradantes em um gueto controlado pelos nazistas. Nesse contexto, Oskar Schindler, um empresário ligado ao partido nazi, abre uma fábrica e emprega trabalhadores judeus para seu próprio benefício.
Ao que inicialmente seu objetivo era somente lucrar, Schindler viu a perseguição de perto e os massacres de judeus, que foram se intensificando até a abertura do campo de concentração de Plaszow, para onde seriam transferidos. Oskar usa sua influência para subornar membros do partido e continuar empregando seus funcionários, conseguindo, com dinheiro, convencer a mandá-los para uma nova fábrica que pretenderia abrir no seu país natal, a Tchecoslováquia.
No entanto, os quase 1200 judeus de sua lista, que escapariam da execução, são enviados para a marcha da morte em Auschwitz. Schindler usa até seus últimos recursos para tentar reverter a situação, com mais subornos, e consegue fazê-lo, a tempo da derrota da Alemanha na Segunda Guerra.
O Grande Ditador (1940)
Esta é uma resposta direta ao filme propagandista “Triunfo da Vontade” (1935), de Leni Rifenstahl. Ao que outros espectadores reagiam com grande horror ao longa, Charles Chaplin viu nos delírios nazistas fonte de grande riso, razão pela qual ele decidiu criar uma das sátiras mais icônicas da história: “O Grande Ditador”, representando Adolf Hitler e Benito Mussolini como dois lunáticos obcecados por poder.
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Produzido nos primeiros anos da guerra, com a história sendo escrita diante de seus olhos, e amálgama de muitos discursos em voga, esse filme influenciou diversas outras representações na cultura popular sobre o nazismo. Pelas palavras de Chaplin, se ele soubesse da gravidade dos crimes de guerra dos quais acabara, em alguma medida, satirizando, “O Grande Ditador” nem teria sido produzido.
Infiltrado na Klan (2018)
O nazismo definitivamente não terminou com a Segunda Guerra Mundial. A Ku Klux Klan, organização racista, de extrema-direita, foi fundada no início da segunda metade do século XIX e pode até não ter se originado diretamente das ideias nazi-fascistas, mas não só as abraçou, como possuem as mesmas fundações.
“Infiltrado na Klan” (ou “BlacKkKlansman”) explora a hipocrisia americana com a permissibilidade e descaso com crimes cometidos contra negros, enquanto segue a história real de um policial negro, Ron Stallworth, que conseguiu se infiltrar na KKK e descobrir colaboração de seus próprios colegas de departamento de polícia.
David Duke, líder da organização retratado no filme, nunca foi preso nos Estados Unidos por seus crimes contra a humanidade, continua vivo e com apoiadores.
Jojo Rabbit (2019)
A grande sacada de “Jojo Rabbit”, de Taika Waititi, é mostrar um aspecto frequentemente deixado de lado: o chauvinismo masculinista. O protagonista é Johannes (Jojo), um garoto que é empurrado à juventude hitlerista e ganha o alcunha de “Rabbit” por se recusar a matar um coelho em lealdade ao regime.
Jojo — que tem como amigo imaginário uma caricatura de Hitler — conhece uma menina judia, Elsa, por quem a amizade começa a desmanchar o antissemitismo que lhe foi implantado. Waititi pretende representar como pessoas agem movidas pelo efeito manada, particularmente aqui pelo desejo do protagonista de se provar enquanto homem.
Olga (2004)
Nascida na Alemanha, Olga Gutmann Benário (posteriormente Prestes) foi uma militante comunista durante a ascensão do partido nazista. Escapando para a União Soviética, lá conheceu Luís Carlos Prestes, por quem se apaixonou e engravidou. Olga o seguiria em um plano para derrubar o regime Vargas, de inspiração fascista.
Olga foi presa no Brasil, grávida, e foi eventualmente deportada para a Alemanha, onde deu luz a sua filha, Anita. Olga foi separada da filha e levada para o campo de Ravensbrück, onde morreu em câmara de gás. Apesar do menor envolvimento do Brasil com a segunda guerra, o longa retrata o momento histórico em que o país se insere e os conflitos entre comunistas e nazi-fascistas.
“8 Ótimos Filmes Para Falar de Nazismo (e Fascismo)”; “Olga” (2004). Imagem Destacada: Divulgação/Globoplay
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