Filme Iraniano é uma amostra de como interesses políticos podem prejudicar toda uma população
Após vinte anos de ocupação, as forças armadas dos EUA retiraram-se completamente do Afeganistão em 30 de agosto de 2021. No entanto, até que todo o processo fosse concluído, o caos se instaurou no aeroporto de Cabul, devido à multidão que se dirigia a ele com o intuito de escapar do regime do Talibã, que logo voltaria ao poder. O desespero dessas pessoas era tão intenso que muitas delas se agarravam às partes externas dos aviões americanos enquanto estes decolavam, sem considerar a morte iminente que ocorreria em seguida. Em “A Lista”, as imagens de corpos caindo dos aviões são as mais impactantes visualmente, mas o filme de Hana Makhmalbaf contém momentos em que as palavras e reações de seus personagens são suficientes para proporcionar tensão e comoção.
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Como o sobrenome indica, a diretora é filha do renomado Mohsen Makhmalbaf, que é um dos personagens desse pequeno documentário. Também aparecem a própria Hana, seu irmão, seu filho e sua mãe. A família, atuando por meio da internet e do telefone a partir de um apartamento em Londres, tenta incluir 800 artistas na lista do título, a qual destina-se à evacuação junto aos americanos, uma vez que são pessoas que correm um enorme risco de perseguição e morte nas mãos do Talibã. A tarefa, como se pode observar ao longo da uma hora e dez do filme, é árdua, especialmente porque o exército dos EUA basicamente não se preocupa com quem ficará e morrerá.
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Como mencionado, trata-se de uma produção modesta, praticamente filmada toda dentro do apartamento, enquanto recortes de vídeos e fotos, enviados por quem estava no aeroporto, são incorporados pela montagem e servem para conferir dinamismo à narrativa. Há ainda muitas câmeras e celulares sem estabilizadores nas mãos da cineasta, com o propósito de transmitir a urgência das negociações em decidir quem entra e quem sai da lista. Em planos-sequência contínuos, o espectador acompanha, de um cômodo a outro, toda a operação, parando apenas ocasionalmente para ver as brincadeiras da criança da família, que proporcionam um breve alívio ao clima pesado que permeia a obra. Portanto, em um formato essencialmente amador (sem a intenção de ser pejorativo), “A Lista” cumpre bem seu propósito de relato, sendo uma contribuição significativa para o registro histórico. Somente por meio de filmes como este é possível testemunhar intimamente as consequências que certos atos políticos impõem às populações e como elas precisam se adaptar para sobreviver. Isso ocorre tanto em democracias que se autodenominam as maiores do mundo quanto nas ditaduras mais brutais.
Filme assistido na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
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