Série focada em Saul já está na quinta temporada
É fácil concordar que “Breaking Bad” é uma das melhores séries da história da tevê e dos serviços de streaming. Quem a assistiu sabe que o roteiro, a direção e as atuações beiram a perfeição, o que a transformou em um verdadeiro ícone da cultura pop. Com esse grau de qualidade, foi compreensível as lamúrias dos fãs quando ela chegou ao fim em 2013, e a felicidade desses quando Vince Gilligan anunciou que estava desenvolvendo, junto de Peter Gould, outra série que contaria toda a vida passada do advogado trambiqueiro Saul Goodman (Bob Odenkirk) antes dele conhecer Walter White e Jesse Pinkman, e que outros personagens importantes de “Breaking Bad” também participariam.
Deste modo, “Better Call Saul” estreou em 2015 com a promessa de dar um gostinho a mais daquele intenso universo criado por Gilligan, e conseguiu ir além ao contar novas e inspiradas histórias a partir das relações de Saul com seu irmão mais velho – que possui uma estranha condição psicológica que o faz ter alergia à eletricidade, a qual é muito bem desenvolvida pelo ótimo ator Michael McKean – com sua namorada e, principalmente, com a justiça e a moral. No entanto, com o decorrer das temporadas, foi ficando cada vez mais claro que o roteiro não tratava Saul como único protagonista, e quase dividia com Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks), o matador e capanga de Gustavo Fring (Giancarlo Esposito), as atenções.
De fato, Ehrmantraut ganha bastante espaço, isso porque, assim como Saul, possui alguns problemas familiares que precisa resolver ao mesmo tempo em que se envolve com esquemas cada vez mais escusos com o cartel de drogas mexicano e, posteriormente, com Fring. Os caminhos de Mike cruzam-se com os de Saul em vários momentos, e ambos possuem muito em comum, afinal eles sempre estão entre o bem e o mal. Essa dicotomia também afeta outra personagem importante da série: a advogada Kim Wexler (Rhea Seehorn), que de início possui um grande senso de justiça, procurando sempre seguir a lei em sua vida pessoal e perante os tribunais, mas, influenciada por seu amante Saul, começa a aplicar golpes e cometer crimes que favorecem aqueles que representa e a si mesma.
Gilligan e Gould conseguem manter Saul, Mike e Kim em um limiar moral que confere à sua obra um clima tenso e urgente, sem, no entanto, deixar de lado o humor, até porque possuem um protagonista que praticamente é uma piada pronta: advogado de porta de cadeia que usa ternos coloridos e apela para falcatruas para se dar bem e livrar seus clientes dos mais variados crimes. Odenkirk é um auxílio às tramas criadas pelos roteiristas devido sua grande capacidade de transitar entre a comédia e o drama. Já Banks não possui uma veia cômica – e seu personagem nem exige isso – mas compensa com a ótima atuação dramática amplamente conhecida da época de “Breaking Bad”. Agora, a grande pérola é Rhea Seehorn, uma atriz anteriormente pouco conhecida que consegue superar o desempenho de Odenkirk em alguns episódios ao fazer de sua Kim uma mulher apaixonada pelas leis e, em contrapartida, por aquele que insiste em quebrá-las. Seus momentos de dúvida e conflitos internos são palpáveis, e as situações geradas como resultado são imprevisíveis. Ela passa da inocência para a cumplicidade que pode destruir a sua carreira gradualmente.
Pode-se dizer que esse trio faz parte do núcleo jurídico da série, com um ou outro transitando para o núcleo criminal como elemento de construção que chegará aos ocorridos de “Breaking Bad”. Esse núcleo criminal, por sua vez, é dominado pela força da natureza Gustavo Fring (interpretado pelo magnífico Esposito). Os fãs o conhecem muito bem, então é redundante dizer o quão genial é um ator que confecciona uma personalidade calma e gentil quando está a frente de seu restaurante “Los Pollos Hermanos”, e cruel e sanguinária quando trata de seu laboratório de metanfetamina. Fring, juntos com outros integrantes do cartel mexicano como Nacho Varga (Michael Mando), Mark Margolis (Hector Salamanca) e Lalo Salamanca (Tony Dalton), faz com que o espectador lembre com carinho das peripécias de Walter e Jesse.
Contudo, “Better Call Saul” não é uma série que apela apenas ao fan service, pois possui tramas tão complexas e bem escritas que fazem com que “Breaking Bad” seja deixado em seu altar de adoração, enquanto Saul Goodman e companhia tomam conta da tela.
As cinco temporadas estão disponíveis na Netflix, enquanto a sexta e última está programada para ser lançada em 2021.
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