O fazer ciência começa com a seguinte afirmação: eu não sei! A partir dela, os cientistas usam de seus aparatos de pesquisa para que a ignorância seja superada de pouquinho em pouquinho. Mesmo com as descobertas amparadas empiricamente, nada é absoluto na ciência. Uma teoria possui bases que a fazem ser aceita pela comunidade cientifica e pelo mundo, mas ela fica na berlinda, apenas esperando que outro pesquisador a refute. Claro que há características do planeta e do universo que já foram tão experimentadas e observadas que se tornaram definitivas. Uma delas é que a Terra é redonda. Outra é que ela gira em torno do sol. Ah, claro, a Terra também faz parte de uma galáxia chamada Via Láctea.
Bom, nem todos neste mundo cheio de teóricos da conspiração acreditam nessas características do nosso planeta, como mostra o documentário da Netflix “A Terra é Plana” de Daniel J. Clark. O filme acompanha um grupo numeroso de pessoas nos EUA que acredita que a Terra não é redonda e sim plana. Mais precisamente, eles acham que a terra é plana e coberta por uma espécie de redoma, tendo o sol e a lua como objetos suspensos por hastes que os sustentam e os giram por toda a redoma. Um absurdo! Alguém poderia dizer. Não é absurdo para toda uma comunidade que se comunica pela internet e que possui representantes no mundo todo.
Os partidários da Terra Plana não seguem a afirmação “eu não sei”. Pelo contrário, eles afirmam saber, com certeza, que todos os vídeos que mostram nosso pequenino e esférico planeta azul são falsos. Para eles, há uma massiva conspiração entre países, agências espaciais, a CIA e até Hollywood para enganar as pessoas. Mesmo a opinião de quem esteve no espaço não é válida, pois são indivíduos comprados ou chantageados. Clark leva sua câmera para dentro das casas dos terraplanistas e para os congressos e encontros que eles organizam. Eles falam com paixão, como se estivessem em uma religião, onde Deus é a Terra Plana e Jesus Cristo é Mark K. Sargent, o principal líder e fundador do grupo.
Evidentemente, o documentário traz o contraponto por meio de entrevistas com físicos e psicólogos, para tentar explicar o motivo que faz tanta gente se juntar em torno de pensamentos tão malucos. O interessante é que não há um tom desrespeitoso por parte dos cientistas. Eles pregam que é necessário tentar entender os terraplanistas para que seja possível ajudá-los a mudar de ideia. Em contrapartida, todos os cientistas são unânimes ao afirmar o perigo do pensamento anticientífico para nossa sociedade. Já que, na cabeça dessas pessoas, se há mentiras em relação ao formato do planeta, também há em relação às vacinas. O resultado pode ser catastrófico se os pais deixarem de vacinar seus filhos por causa de alguma teoria da conspiração sem sentido.
Ao mostrar ideias tão ridículas vindas de personagens, no mínimo, patéticos, “A Terra é Plana” alerta o espectador que tende a acreditar em tudo que vê na internet. A narrativa cheia de ilustrações feitas em animação, músicas divertidas e edição rápida pode atrair os jovens e impedir que seus cérebros caiam no obscurantismo antes de entrarem na fase adulta. Afinal, ninguém quer ser visto como um lunático frustado que acredita em fantasias.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Netflix
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