Um drama sensível, “Até que a Música Pare” une sentimento de luto, religião e regionalidade.
Luto, situação pela qual passaremos algumas vezes em nossas vidas, contudo, difícil de prever como o corpo e mente reagirão. Cada um pode viver o sentimento do luto a seu modo. Com um olhar sensível para esse sentimento e um trabalho minucioso de pesquisa de uma região, “Até que a Música Pare” explora um Brasil pouco conhecido, em um drama com camadas, que explora religião, regionalidade, sentimentos e a família.
A trama acompanha um casal de idosos que, depois de mais de 50 anos juntos, precisam lidar com a perda de um filho. Vivendo o luto, Chiara, a matriarca da família entra em conflito com o marido que guarda para si os sentimentos, por vezes sendo duro com a mulher. Mas, uma tartaruga, a descoberta de ensinamentos de outra religião, cartas de baralho e mais situações, colocaram Chiara a provocar o marido, para que solte esse sentimento que ele reprime.

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A direção, de Cristiane Oliveira, imprime um ritmo cadenciado para a narrativa, com toques de humor. O trabalho de cena, cede espaço para colocar a expressividade dos atores em destaque na tela. Existe um tempo para a digestão do sentimento exprimido no olhar, na respiração, no ambiente.
A fotografia cumpre seu papel e os atores estão bem em cena
Já a fotografia é carregada de drama e melancolia, em planos que conversam com a situação vivida. A paleta acompanha um neutralidade pouco feliz, que reflete nos personagens que vivem o luto. Algo que é quebrado principalmente quando Chiara está próximo ao espaço mais aconchegante , a paisagem repleta de verde. Mas, quando está dentro de sua casa, a paleta enrijece junto a paredes sombrias e amadeiradas de um ambiente onde pesa a perda de um filho.
Por sua vez, Cibele Tedesco e Hugo Lorensatti, são os grandes destaques da obra. Atores de teatro, convidados para o filme, demostraram muita sensibilidade para percebe a atuação para tela, e, entregam sentimento com olhar, com silêncio, com respiração.

Ainda, com um profundo trabalho sobre a região na qual a trama se passa, o longa opta por usar a talian (uma língua oficial brasileira, que é uma fusão de várias línguas tradicionais italianas). Essa opção é fundamental para destacar a regionalidade na história, trabalhada no filme de todos os ângulos.
Assim, apesar de não trazer uma trama popular, “Até que a Música Pare”, é uma trama que dialoga com o público mais regionalizado, através da abordagem cultural. Enquanto, também gera empatia com o público geral, através da perspectiva ao sentimento de luto.

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