A magia do circo e a inesgotável essência da Turma da Mônica se encontraram no palco do Teatro Bradesco para celebrar os 60 anos de uma das personagens mais marcantes dos quadrinhos brasileiros. Na peça, dirigida por Mauro Sousa, os espectadores acompanham performances circenses ao lado da turma da Mônica. A produção capturou bem a essência da infância de gerações ao mesmo tempo que mostrou a chama perpétua de sua constante adaptação aos tempos atuais.
A peça começa com a aparição de dois palhaços, interpretados por Júlio Fuska e Renata Versolato, introduz um mágico, vivido por Cláudio Grassi e em seguida traz o núcleo principal da turminha, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, que entram cada qual com um número circense e musical de tirar o fôlego. Através de seu bastão mágico, Cláudio traz uma entidade cósmica ao telão do palco, a Narradora, cuja voz é da atriz Taís Araújo. A personagem convida a turminha a realizar uma viagem no tempo, que mostra diversos momentos históricos da Mônica, que abrangem desde a sua primeira tirinha até as suas adaptações atuais em live action para as telas.
As cenas, que conjugam um dado biográfico da Mônica e um número circense, contam com diversas participações especiais. Inicialmente, vemos a primeira tirinha da Mônica no cenário, reproduzida abaixo:

E somos surpreendidos pela própria Mônica antiga entrando em cena, o que forma um contraste com a Mônica gentil e delicada que conhecemos:

A Turma da Mônica Jovem, pensada para ser um mangá e atender ao público adolescente também aparece, e a estética musical é voltada aos ritmos urbanos, como o hip hop e o funk, e o número circense enfoca nos esportes radicais:

Outra participação especial é a da Mônica Toy:

A peça ainda conta com a participação especial não presencial das atrizes Giulia Benite e Sophia Valverde. A primeira interpretou a versão live-action da Mônica em Turma da Mônica: Laços (2019) e Lições (2021), enquanto a segunda viverá a personagem na produção audiovisual da Turma da Mônica Jovem. Mônica Sousa, filha de Maurício de Sousa, que se baseou nela para criar sua personagem, também participa de maneira não presencial.
Todas essas participações e cenas, além de apresentar a versatilidade e as adaptações da turma da Mônica para diversos públicos, também celebram os 60 anos da personagem nos 75 minutos do espetáculo.
A peça pressupõe que sua plateia já conhece os personagens principais, assim como os demais que aparecem, sem se preocupar em introduzi-los ou nomeá-los. Talvez o público mais velho não conheça os novos personagens, mas isso não prejudica a experiência, pois os protagonistas são apenas os do núcleo principal.
A cenografia da peça, assinada por Rogério Falcão, é versátil e colorida, tal como acontece nos quadrinhos, e se altera em cada cena, se adaptando para melhor incluir os números circenses e coreografias de Leandro Martins. É um grande acerto e esteticamente agradável. De constante, apenas as coxias, que em poucos momentos saem do palco para abrir mais espaço para as apresentações, e o telão onde aparece a narradora.

O núcleo principal é composto pela Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, que é o grupo de amigos mais conhecido do Brasil e se relacionam com os personagens do núcleo secundário, isto é, o mágico e os palhaços, de maneira amigável e complementar para a proposta da peça. O terceiro núcleo é formado pelas participações especiais e ganham destaque apenas em suas cenas, não retornando aos palcos depois. Eles se relacionam somente com o grupo circense e não interagem com o núcleo principal.
O ponto de vista que rege a peça é o da Narradora, que em diálogo com a turminha, guia ela e o público na história da peça. Ainda que seja uma apresentação teatral, há um bom equilíbrio entre o dramático e o circense e mesmo que o grupo principal não esteja o tempo todo em cena, são sempre referenciados de alguma forma.
A peça também conta com uma grande equipe de dançarinos, atores, atrizes e artistas circenses, cuja escolha da produção foi a diversidade, onde encontramos diversos corpos, gêneros, etnias etc., o que marca o compromisso da Mauricio de Sousa Produções com a inclusão e a diversidade. Talvez, o maior destaque seja a da cantora Ayô Tupinambá, mulher travesti, preta, gorda e periférica que apresenta um excelente manejo vocal e domina o palco com seu talento em cada aparição que realiza.
Por fim, é evidente que cada momento no palco do Teatro Bradesco foi encantador e celebrou os 60 anos de uma das mais icônicas personagens dos quadrinhos brasileiros. A magia do circo esteve presente em todas as cenas e se mesclou harmoniosamente com a aventura de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. Ao final do espetáculo, fica claro que essa peça não é apenas um tributo à trajetória da Mônica, mas uma celebração do poder duradouro das histórias em cativar, unir e encantar públicos de todas as idades.

Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Sem comentários! Seja o primeiro.