A ideia de se fazer uma comédia romântica que é sobre um roteirista (Chris Evans) que precisa escrever uma comédia romântica cheia de clichês, e que acaba se apaixonando perdidamente durante o processo, é deveras criativa. “Deixa Rolar”, dirigido por Justin Reardon, também se diferencia dos outros do mesmo gênero porque brinca com a metalinguagem: o protagonista é também personagem das histórias que ele escreve em seu roteiro encomendado por uma estrela em ascensão. Portanto, o clássico boy meets girl aqui é subvertido, o que confere à obra certo ar de novidade.

O texto, escrito por Chris Shafer e Paul Vicknair, é afiado, proporcionando aos atores um bom material, que é externado em diálogos rápidos e inteligentes, principalmente na enxurrada de referências ao cinema e à literatura. Além disso, a montagem de videoclipe, por vezes, faz com que esqueçamos que se trata de um romance, já que cria um estranho clima de filmes de ação durante suas breves uma hora e meia de duração. A fotografia, por sua vez, não foge do padrão, mesmo que acerte em iluminar algumas cenas de acordo com o estado de espírito dos personagens em cena, como quando dois amigos discutem em um bar, e o ambiente, assim como os próprios atores, são tingidos por um vermelho intenso.
Contudo, você deve estar se perguntando: ok, o filme é narrativamente diferente, mas e no que corresponde ao amor entre o casal, é emocionante, dá para chorar? A resposta é simples: se você estiver apaixonado, provavelmente se emocionará, no entanto, se ainda busca o amor da sua vida, “Deixa Rolar” pode te dar várias dicas de como começar e de como não cometer vários erros que podem destruir um namoro. Isso porque o casal formado por Evans e Michelle Monaghan conta como foram suas experiências anteriores e o que os impediu de terem relacionamentos duradouros. Cada falha que eles cometeram e cada frustração que tiveram estão em vários de seus divertidos diálogos.

Os dois atores, inclusive, possuem boa química em cena e conseguem convencer em seus papéis. O único problema nas suas escalações é que eles são fisicamente perfeitos demais. Se intérpretes, digamos, “normais” fossem escolhidos, o filme teria um ar menos comercial e se aproximaria um pouco mais das vidas de seus espectadores. Em seu próprio elenco há dois antagonistas que poderiam muito bem serem as estrelas principais: Topher Grace e Aubrey Plaza. Bom, talvez a opção por Evans e Monaghan foi mais uma das muitas piadas sobre a perfeição dos romances feitos por Hollywood.
Em todo caso, “Deixa Rolar” vai agradar aos apaixonados e àqueles que apenas buscam uma história bem contada. Ele foi lançado em 2015, um pouco depois do cult “500 Dias com Ela”, então não se trata de coincidência a inspiração e a busca por inovação em um gênero que, desde aquela época, já precisava de um ar de originalidade. Pena que pouca gente falou dele há nove anos, mas isso não impede que ele seja apreciado hoje, no pós “A Culpa é Das Estrelas“.
“Deixa Rolar” está disponível na Amazon Prime Video.

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