“Exorcismos e Demônios” é mais um filme que não faz jus ao reconhecimento que o gênero terror merece
Odiado por alguns, amado por outros, o gênero terror vem sendo menosprezado ao longo da história e ao mesmo tempo vem conquistando grandes bilheterias – mas como isso faz sentido? Existe um certo fascínio do público na adrenalina de levar um baita susto, por isso a procura por estes filmes é grande, porém, questione-se, qual foi a última vez que assistiu a uma obra do gênero que tivesse qualidade de fato? Um bom roteiro, um bom plot point, um final surpreendente… Parece raro, mas não é! Muitos filmes de terror são verdadeiras obras-primas da arte cinematográfica, como, por exemplo, o vencedor de melhor roteiro original do Oscar: “Corra!” . Todavia, “Exorcismos e Demônios” não é uma delas.
O longa inspirado em uma história real – de um padre sentenciado à prisão após a morte de uma freira em que praticou um exorcismo – é roteirizado por Chad e Carey Hayes (“Invocação do Mal“). A trama é liderada pela protagonista Nicole Rawlins (Sophie Cookson –“Kingsman”) uma jornalista investigativa – totalmente cética – que se esforça para desvendar se de fato o padre assassinou uma mulher com doenças mentais ou se perdeu uma batalha contra uma força demoníaca.
Para começar, é bem difícil se manter concentrado ouvindo o péssimo sotaque americano de Sophie – a atriz é na verdade britânica – apesar dela estar relativamente bem em cena, os outros atores com quem contracena não trazem nada de relevante. Além disso, em pleno século XXI, o roteiro se baseia no velho estigma da pessoa descrente, libidinosa que, por conta disso, é o alvo perfeito para o demônio e suas maldades. O ceticismo da protagonista se dá por um trauma gerado pela morte da mãe – que desistiu de lutar contra um câncer para se ancorar apenas na fé – e todos os personagens tem como objetivo transformar Nicole numa pessoa temente a Deus, o que parece mais um roteiro fanático do que um filme de terror . Por conta desse maniqueísmo ridículo o espectador é obrigado a assistir os diálogos mais sofríveis da história, com direito a justificativa mais clichê que uma ateia poderia utilizar: “Livre arbítrio.” – se tratando de uma jornalista investigativa ela teria argumentos melhores na manga, certo?
No que se refere a assustar ele é bem fraco, todas as cenas que deveriam amedrontar são excessivamente sublinhadas antes de acontecerem. Uma luz se apaga… Ela levanta… Uma porta abre… Continua batendo… E vai… E volta… E vai…E volta… Ao mesmo tempo em que a trilha vai se tornando cada vez mais intensa… Prever que algo vai acontecer beira o ridículo de tão óbvio. A trama vai sendo contada como se Nicole fosse desvendar um grande mistério, flashbacks mostram que cada acontecimento marcante faz parte de um grande desfecho – inclusive a morte da mãe que nem aparece, coitada – Contudo, reflita sobre a premissa: Uma mulher cética questionando a veracidade de uma possessão demoníaca – Quem será a pessoa a ser possuída no final? Mas isso não é permitido revelar, seria spoiler.
O ambiente em que se insere, uma pequena vila na Romênia, carrega uma atmosfera medieval que é tão inverossímil que chega a ser um pouco hilário. A forma como os habitantes falam, se vestem e agem parece um estereótipo daquelas pessoas que vivem em cidades mal assombradas das estórias que crianças ouvem. A verdade é que apesar de bem filmado, com atores razoáveis, o roteiro é tão ruim que nem Meryl Streep conseguiria salvar. O filme todo se sustenta com um número exagerado de jump scare – é a técnica que filmes, jogos e mesmo músicas aperfeiçoaram ao longo das décadas para dar um susto em sua audiência. Além disso, não é inovador em nada, assisti-lo só faz sentindo se você for um fanático por filmes de possessão demoníaca, caso contrário, pode pular porque não há nada nele que você já não tenha assistido por aí.
Por Rayza Noiá
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