Agora, não mais pelas mãos de Guilherme Del Toro, “Hellboy” ganha uma nova adaptação dos quadrinhos para o cinema. O personagem criado por Mike Magnola para os quadrinho é filho de um demônio com uma feiticeira, trago a terra por um propósito ao qual renega. “Hellboy” possui muito de suas histórias baseadas em mitos do folclore do leste Europeu, e seu leque de histórias é muito extenso. Neste novo longa, ao tentar explorar muito desse conteúdo, devendo encaixar tudo em 2 horas de filme com o aprofundamento e destaque necessário a cada personagem, se torna um problema para o diretor Neil Marshall.
O enredo de “Hellboy” traz um dos mitos no qual um dos quadrinhos originais se baseia, o de Nimue, uma poderosa feiticeira, que um dia fora aprisionada pelos humanos tendo seu corpo divido em pedaços e enterrados, e que agora ressurge para trazer o apocalipse através de sua união com o enviado das trevas, o próprio Hellboy (David Harbour).
Nessa adaptação tudo acontece muito rápido desde a primeira cena do longa. Poupando tempo para explicações ou aprofundamentos, o filme nos entrega os personagens com relações formadas, pré concebidas antes da história que assistimos, dessa forma não percebemos muita ou nenhuma diferença do Hellboy que inicia o filme para o que termina. Alice Monaghan (Sasha Lane) tem seu personagem jogado em tela de qualquer jeito, para depois termos pequenos flashes do seu passado que desvenda ao publico leigo sua relação com Hellboy. Majo Ben Daimio (Daniel Dae Kim) tem tão pouca influência dentro da história, que até quando o personagem parece ser necessário, o mesmo e inexpressivo e quase sem utilidade. E quem deveria ser uma poderosa vilã, Nimue (Milla Jovic), se torna inexpressiva a medida que a história passa e seu personagem fica imerso em meio a outras tramas e quando surge para demostrar se poder, soa tão fraca e tem seu desenrolar tão torpe, que no fim, torna-se esquecível.
O desenvolvimento dos personagem é apenas um dos problemas de um roteiro que se satura pelo excesso de história. Consigo ele também emana falta de aprofundamento nos fragmentos da história, lendas e misticismos inclusos no universo do personagem, o que deveria ser épico se torna rápido, genérico e quase violentamente desnecessário, num longa que mesmo trazendo uma atmosfera sombria, não consegue expressar isso nos seus personagens, nem mesmo nos diálogos.
A direção, por sua vez, vai bem quando explora os momentos de ação, com bons jogos de câmera que bebem do atual formato utilizado em filmes de heróis, as lutas mesmo que poucas, são divertidas de se acompanhar. Contudo esses momento seriam ainda mais agradáveis se apresentassem uma trilha a altura, outro ponto que o filme possui de esquecível.
O tom sombrio e com inspiração gótica compõe bem o longa, assim como a estética criada para os personagens, com um trabalho crucial que mescla maquiagem e CGI, um dos pontos mais agradáveis do filme, mas ainda assim com alguns momentos nem tão naturais, principalmente durante o desenrolar final.
“Hellboy” procura trazer muito da história do seu protagonista, muito do universo dos quadrinhos, mas o roteiro peca ao querer usar vários pontos sem conseguir aprofunda-los minimamente antes de descarta-los, com isso o longa se torna uma obra rasa, onde sabemos muito pouco de muita coisa. Existe gancho para continuações em uma cena pós-crédito, a mesma demostra que a ideia é expandir ainda mais o este universo, contudo, isso ainda depende muito da coragem do estúdio para produzir um novo longa.
“Hellboy” estreia nos cinemas nacionais no dia 16 de maio.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Imagem Filmes/LionsGates
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