Todo filme que é lançado pela Casa das ideias (como a Marvel se autoproclama) gera, em maior ou menor grau, um evento movido a expectativas e milhões de dólares de bilheteria. Posto isso, as palavras-chave para analisar “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” são ‘evento’ e ‘expectativas’.
Os filmes da Marvel se fizeram notar pela busca de uma coesão e coerência entre as histórias apresentadas, que fazem parte de uma grande tapeçaria que tem como objetivo culminar num evento grandioso em que (quase) tudo é resolvido, até que o próximo grande arco possa se desenrolar, vide a inesquecível Saga do Infinito com as aventuras e sacrifício dos heróis, vindos de todos os filmes anteriores para derrotar Thanos e seu exército.
Pois bem, “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” é o pontapé inicial para encerramento da atual 5ª fase, onde mais um grande evento cósmico ocorrerá e, bem provavelmente, necessitará da ajuda dos Vingadores para que tudo se resolva
Dito isso, vale destacar que Scott Lang e Cia já estiveram anteriormente no Reino Quântico, quando realizaram uma viagem no tempo e recuperaram as Joias do Infinito para trazer de volta metade dos seres do universo ‘apagados” por Thanos, porém não nas condições em que se encontram agora: perdidos e tendo que interagir com criaturas que não conheceram anteriormente.
Está aí uma das sacadas legais do filme, que usa, com toques de Star Wars, uma variedade de criaturas em outra realidade. A inspiração na obra de George Lucas, diga-se, foi revelada pelo próprio diretor do filme, Peyton Reed, que citou a luta pela liberdade obliterada pelo tirano Kang, O Conquistador. Star Wars, como todos sabem, é sobre revolução contra o poder imposto.
Falando especificamente da trama de “Quantumania”, o grande destaque na sua primeira parte é a grande Michelle Pfeiffer, que com sua Janet desconfiada e arredia, se recusa a revelar para sua família o real perigo que os aguarda até, é claro, ser tarde demais. Essa teimosia em guardar segredos que comprometem a segurança de todos, no entanto, incomoda e é um problema do roteiro. A atriz, por outro lado, está no ponto certo de tensão. Outro destaque já muito alardeado é a interpretação de Jonathan Majors para o grande antagonista de toda essa nova fase: Kang, O Conquistador. Charmoso, manipulador, frio, impiedoso…Todas essas facetas são muito bem entregues pelo ator, que traz peso e perigo para qualquer herói que ouse cruzar seu caminho. Inclusive, ele menciona isso literalmente ao informar ao Homem Formiga que alguns dos seus encontros com os Vingadores de outros universos não deu lá muito certo para eles. Outrora, Kang podia controlar o espaço-tempo e as dimensões entre ele, e conseguia viajar pelo Multiverso, que são versões alternativas do Universo como conhecemos, porém com mudanças pontuais ou radicais. Para ter esse poder de volta, ele vai fazer o que for preciso, e isso envolve diretamente a Vespa original, interpretada por Pfeiffer.
Quanto às expectativas… Bem, a maioria do(a)s crítico(a)s torceu o nariz no que mencionarem ser mais uma produção da Marvel desconjuntada, medíocre e genérica. Sim, o filme tem defeitos que já apareceram em outros recentes do estúdio: é uma aventura com muito CGI, que aparenta ter sido utilizado em 80% do filme, feito com a ferramenta Volume (Vejam o que é aqui. É bem legal!), utilizada em larga escala em produção de efeitos das séries da franquia Star Wars (olha aí outra semelhança), que as vezes funcionam muito bem, outras nem tanto, mas não vi absolutamente nada que seja extremamente ofensivo a quem assiste.
Em relação às outras atuações além das de Pfeiffer e de Majors, basta dizer que Paul Rudd continua com sua competência e charme habitual, naquele registro autodepreciativo adorável que o faz ser, desde sempre, o cast perfeito para o personagem. Kathryn Newton, que faz Cassie Lang, por outro lado, é ruim, chata, sem sal ou tom. O gigante Michael Douglas, por sua vez, explora algo além da persona que conhecemos. Por fim, Evangeline Lilly está só como coadjuvante da própria festa, visto que o nome de sua personagem consta no título, mas pode ser que tenhamos entendido errado e a personagem a qual se referem é a primeira Vespa, a da Michelle Pfeiffer, já que a de Lilly parece não entender nada durante todo o filme. Pelo menos, só aparece em alguns momentos.
Tirando esses problemas pontuais, “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” é um daqueles filmes para toda família. Ele não é feito para agradar os especialistas e sim àquele espectador que vai ocasionalmente ao cinema, que conhece um ou outro daqueles personagens e quer apenas se divertir enquanto pensa no que vai comer no shopping depois do fim da sessão. E isso a Marvel Estúdios faz com muita competência, algumas piadas que as vezes funcionam e um bom ritmo para a aventura. O simpatizante ou fã vai sempre gostar, se envolver na brincadeira e aguardar o próximo fio narrativo. Com isso, o sucesso é garantido, basta ver a bilheteria que, no momento da escrita deste texto, já está na casa dos 250 milhões de dólares mundialmente, no seu primeiro fim de semana.
Agora, quem assiste por obrigação profissional, realmente pode sentir que a roda não está girando e esse universo pode não levar a lugar nenhum, ou pelo menos um não tão satisfatório aos teóricos do cinema. Essa é a dicotomia do sucesso do estúdio: se não pode (ou não pretende) agradar a todos, pelo menos os fãs estão comparecendo.
Observação: há duas cenas pós créditos que realmente valem a pena esperar, uma que ‘multiplica’ o perigo apresentado no filme e outra que traz um ‘velho conhecido’ de volta.
Por Roberto Rezende
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