Premiado em Cannes, How to Have Sex chega no Festival do Rio
“How to Have Sex” engana pelo título por parecer que é um filme sobre festas, drogas e sexo. E de fato é. Mas também é um filme que dói principalmente na mulher, já que aborda o abuso sexual. E por mais que toda mulher possa se identificar com os acontecimentos, todo homem deveria assistir.

Dirigido pela britânica Molly Manning Walker, que faz sua estreia na direção, o longa acompanha três amigas, que para comemorar o fim das provas e a entrada para a faculdade, decidem fazer uma viagem até uma cidade que é pólo de festas eletrônicas. Porém, uma das meninas, a Tara, protagonizada pela atriz Mia McKenna-Bruce, é estuprada e acaba “perdendo” a sua virgindade. O estupro não é explícito. Pelo menos não em uma das vezes. E a forma que o abuso acontece, mostra uma certa relação e proximidade com o caso. A personagem Tara conhece Paddy, um jovem que divide o quarto com outros dois amigos e convida Tara para passar a noite na praia. Nesse meio tempo, os dois já estão embriagados e por insistência de Paddy, Tara aceita. Mas o sexo é doloroso..
Já a segunda vez, é mais violento ainda. É preciso enfatizar a forma como a atriz Mia McKenna-Bruce expressa a sua dor. Há um momento no filme que o olhar da personagem é um pedido de socorro, sem dizer nenhuma palavra. E isso muda tudo. Além de existir uma proteção do amigo do abusador, o que é uma realidade, as próprias amigas da protagonista não percebem que foi algo prazeroso para a Tara.

O filme peca em ter uma montagem com luzes psicodélicas em excesso, fazendo com que o espectador se sinta cansado, e um roteiro que poderia ser mais explorado no final, já que no momento que quem assiste está se conectando e sentindo a dor da personagem, o filme termina. Porém, há uma quebra de expectativas em que a situação será resolvida, o que é interessante e real.
“How to Have Sex” pode até lembrar “Spring Breakers”, mas vai na contramão da proposta do filme dirigido por Harmony Korine. E isso torna o filme especial e necessário, derramando algumas lágrimas no final, fazendo com que você sinta a dor da outra. Um filme que apresenta, de forma muito realista, o abuso sexual que mulheres jovens sofreram algum dia ou ainda sofrefrão, infelizmente. Mostra que o abusador, o estuprador, pode ser um cara bonito, jovem e melhor amigo do seu amigo. O abusador não tem cara de vilão. É encantador, charmoso e divertido. “How to Have Sex” é uma realidade para muitas mulheres, mas é um manual necessário para mostrar que os homens deveriam apoiar as vítimas ao invés de fecharem os olhos para o seu amigo abusador. E quando é uma mulher que dirige e conta essa história, a narrativa toma um rumo diferente, ou seja, torna-se verdadeiro.
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O filme britânico foi premiado no Festival de Cannes 2023 na categoria “Un Certain Regard” (Prêmio Um Certo Olhar), ganhou exibições pelo Festival do Rio 2023 e chega aos cinemas brasileiros em 15 de novembro.

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