“Priscilla” é uma cinebiografia baseada no livro “Elvis e Eu”, escrito pela própria Priscilla Presley, mulher de um dos grandes pioneiros do Rock , Elvis Presley. O filme é dirigido e coproduzido pela famosa diretora Sofia Coppola, que mostra nesse filme os bastidores e o ponto de vista de Priscilla, desde sua época do colégio, até o divórcio com o astro.
O filme falha em sua principal proposta que é mostrar Priscilla como um ser independente. Literalmente, o filme trabalha a figura da protagonista como uma simplória espectadora sobre o comportamento do astro e sobre sua ausência em seu lado como marido. A obra de Sofia mais enfatiza a queda do ídolo por si próprio, do que agrega algum valor a Priscilla além de ser mulher de Elvis Presley.
Até mesmo nas entrelinhas em mostrar a evolução e a decaída na vida de Priscilla no quesito imagético, o filme não sai do conforto estético das cores pastéis e o paraíso cosmético apresentados em muitos filmes da mesma diretora. Na maioria de seus filmes, isso faz sentido, mas em “Priscilla” fica um vazio, não só da função da personagem em meio à todo seu redor, como até mesmo para dar uma significância em seu discurso.
Necessário falar da péssima atuação de Jacob Elordi, como Elvis Presley, que pelo visto ainda não se desvinculou de sua atuação na série “Euphoria”, e aqui continua sendo só um homem machista e nojento na forma que se comporta com as mulheres (não que Elvis não fosse assim, mas está longe de chegar à seriedade da atuação de Austin Butler no filme “Elvis”).
O trabalho de maquiagem e figurino, unidos com a atuação de Cailee Spaeny como Priscilla, conseguem funcionar de forma plausível. Até porque a atuação de Cailee fica limitada ao roteiro. Nos momentos que exigem uma intensidade maior de seu personagem ela consegue entregar apenas com o olhar. A presença e a atuação de Cailee são o que não fazem a personagem ser só um alicerce descartável em meio a obra.
“Priscilla” consegue mostrar a faceta ridícula de Elvis Presley, diferente do filme “Elvis” de 2022. Aqui o temos viciado, agressivo, manipulador e representando parte dos religiosos amantes de armas de fogo, que é a caricatura perfeita de um Norte-Americano nos anos 50. Priscilla é mais uma contra resposta ao que foi vendido sobre o astro em 2022, do que uma história sobre Priscilla Presley.
Além da terrível resolução da obra, que bate o martelo sobre tudo que foi dito aqui, Sofia escolhe enfatizar 90% do filme com Elvis e Priscilla nas mesmas sequências. Priscilla ficava muito tempo sozinha, ou tomando conta de sua filha sem ajuda do ex-marido, mas a obra foca completamente nos dois juntos em maior parte do tempo.
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Quando Priscilla sai da vida de Elvis, não resta mais nada na obra. Sofia coloca a personagem como algo completamente descartável longe de um astro, que foi mostrado como um homem completamente abusivo. Quer dizer que o filme simplesmente mostra que a significância na vida de Priscilla foi ter sido uma mera espectadora sobre a vida de um astro e mãe de sua filha?
“Priscilla” consegue ser funcional em todos os seus pontos técnicos, e tem uma atuação salvadora da protagonista. E mesmo sendo um filme que critica a figura do homem nos anos 50 e que ainda perpetua em muitos lugares, além de cutucar de forma indireta o polo mais conservador dos EUA, é uma obra desleixada. Sofia coloca Priscilla exatamente no último lugar que deveria colocá-la: apenas a mulher de Elvis Presley.
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