“Jexi – Um Celular Sem Filtro” é o inóspito resultado de uma comédia bem boba e sem muita sagacidade junto de um genérico episódio de Black Mirror, com ainda pitadas do excelente “Ela”. A realidade é que, conforme a projeção vai acontecendo, fica cada vez mais evidente que o longa-metragem poderia facilmente ter sido condensado em um média-metragem, uma espécie de episódio para a televisão, e mesmo assim ainda faltaria muito para que nele fosse possível encontrar alguma qualidade. Dessa forma, o sofrimento pelo tempo gasto assistindo “Jexi” seria menor e, por consequência, menos pesaroso.
A premissa, embora nada original, não é das piores. Há até algumas poucas referências interessantes feitas à recursos tecnológicos da atualidade, mas todo resto é bastante desastroso. A maior parte das situações que ocorrem em tela poderiam ter sido facilmente evitadas ou contornadas de diversas formas, o que gera desconfiança no público e faz com que seja gritante o fato de os personagens agirem como incapazes, sobretudo o protagonista. É esquisita, e inclusive constrangedor, assistir adultos com comportamento típico de adolescentes, com pouquíssima maturidade ou um mínimo de jogo de cintura para lidar com pequenas questões cotidianas. Em nada ajuda o elenco, que trabalha na base de esteriótipos e de personas que todos já vimos em inúmeras esquetes humorísticas no passado, enfraquecendo o filme ainda mais.
Tal qual outros gêneros, a comédia possui suas próprias características e sua própria identidade, mas é possível dizer que um dos seus principais objetivos é provocar o riso. Tal tarefa não é alcançada em “Jexi”, que conta com humor extremamente fácil e apelativo, digno de alunos da quinta série do ensino fundamental. Se a intenção era trazer alguma reflexão sobre o mundo moderno e os novos recursos que vem aparecendo nele, pode-se dizer que o fracasso é ainda maior, dado que nem mesmo a camada do riso é atingida. Para piorar, o romance do protagonista não envolve e não emociona. Não sentimos química entre ele e a menina por quem se apaixona, e portanto não existe como torcer pelos dois. Na jornada de Phil(Adam DeVine), inclusive, não é apenas o lado amoroso que carece de carisma e de apelo para com quem assiste o filme, são todos.
Se o ótimo “Jojo Rabbit” soube tratar de um tema tão controverso com tanta sensibilidade, sem perder a sagacidade, é lamentável que “Jexi” não consiga tratar de um tema infinitamente mais tranquilo e menos polêmico com um mínimo de qualidade. Não era necessária a profundidade de um drama como “Ela”, mas tampouco deveria haver um tratamento tão raso do mesmo tema. Isso, é claro, sem falar na inexistente originalidade ou qualquer outro traço autoral.
Imagens e vídeo: Diamond Films
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